Logo O POVO+
Ceará atrai investidores europeus para geração de energia eólica no mar
Politica

Ceará atrai investidores europeus para geração de energia eólica no mar

| Estudo | O Estado está entre as regiões brasileiras com maior potencial para a instalação de usinas eólicas offshore, segundo estudo do BTG Pactual
Edição Impressa
Tipo Notícia Por
Quase um terço dos projetos que atualmente aguardam aprovação no Ibama são do Ceará. Ministro de Minas e Energia ainda garantiu abastecimento de energia em 2021 sem apagão (Foto: Getty Images)
Foto: Getty Images Quase um terço dos projetos que atualmente aguardam aprovação no Ibama são do Ceará. Ministro de Minas e Energia ainda garantiu abastecimento de energia em 2021 sem apagão

A empresa BI Energia, do grupo italiano Community Power, deve investir 800 milhões de euros em parque eólico na costa do mar de Caucaia, na Região Metropolitana de Fortaleza. A previsão é que o empreendimento saia do papel no segundo semestre do próximo ano e forneça energia a 800 mil unidades habitacionais no País. Ela não está só. Outros negócios europeus também já estão de olho no potencial cearense para a instalação de usinas eólicas offshore (no mar).

Ao lado do Rio Grande do Norte e Maranhão, o Ceará concentra as melhores condições climáticas, ambientais e estruturais para receber esse modelo de geração de energia no País. É o que mostra o Brazil Wind Generation Guidebook" (Guia da geração de vento no Brasil), estudo da BTG Pactual. O texto esmiúça as vantagens do Nordeste brasileiro para a geração eólica no mar. Entre elas, a profundidade máxima de 50 metros e a velocidade do vento.

"Quase todas as margens do Maranhão, Piauí, Ceará e Rio Grande do Norte têm regime de ventos constantes e altas velocidades médias, condições perfeitas para capacidade adicional de vento offshore", diz o estudo, assinado por João Pimentel e Felipe Andrade. A pesquisa também destaca a capacidade instalada no Ceará e o crescimento da energia eólica.

Atualmente, há 80 parques instalados e capacidade de 2.050,5 megawatts no Estado, atrás do RN ( 4.043,1 MW) e Bahia (3.572,50 MW). Os dados são da Associação Brasileira de Energia Eólica (ABEEólica). Por estas razões, a BI Energia e outras três empresas europeias - cujos nomes não foram divulgados - estudam a viabilidade da implantação do negócio no Estado.

Ao O POVO, Lúcio Bonfim, sócio da BI energia, disse que o estudo de impacto ambiental foi enviado ao Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), no último dia 19. O processo deve viabilizar a licença prévia. A partir da liberação, prevista para sair em julho, o próximo passo é participar de leilões ou fazer contratos privados para negociação de energia.

Em estudo desde 2009, a empresa conta com 48 turbinas de 8 megawatts na costa do mar de Caucaia. Um total 11 espigões com turbinas de 3 megawatts estão instalados para a proteção das praias. "A próxima etapa é a licença de instalação, levar o projeto executivo para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e Operador Nacional do Sistema Elétrico (NOS) e estamos solicitando a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) a concessão da área. O momento ainda deve ser de desenvolvimento de projeto", detalha.

A empresa vai produzir os próprios cabos submarinos para a transferência da energia para as subestações no mar, em terra e para a Companhia Hidrelétrica do São Francisco (Chesf). Jurandir Picanço, consultor de energia da Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec) e presidente da Câmara Setorial de Energias, pondera que o potencial é alto, mas ainda há entraves para esse mercado crescer. "Os custos de implantação são bem mais elevados, há dificuldades de fazer fundações aquáticas e depois obter a concessão", enumera.

Outra barreira é a falta de uma regulamentação para o licenciamento ambiental. Conforme publicado no CanalEnergia, a Comissão Executiva para a Promoção e a Regulamentação do Offshore Eólico Brasileiro, iniciativa coordenada pelo Centro de Estratégias em Recursos Naturais e Energia, busca criar uma um "marco regulatório para a exploração de eólicas offshore no Brasil". O documento deve ser publicado no primeiro semestre deste ano.

O que você achou desse conteúdo?