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"Do jeito que está, não passa", afirma Ciro sobre Previdência
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"Do jeito que está, não passa", afirma Ciro sobre Previdência

| REFORMA | O ex-presidenciável caracterizou como 'criminosas' algumas das medidas anunciadas na proposta enviada pelo presidente ao Congresso
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CIRO GOMES criticou proposta de reforma apresentada pelo Governo Federal (Foto: Mauri Melo)
Foto: Mauri Melo CIRO GOMES criticou proposta de reforma apresentada pelo Governo Federal

A proposta de Reforma da Previdência apresentada ao Congresso Nacional apresenta questões "flagrantemente criminosas", avalia Ciro Gomes (PDT), que ontem palestrou sobre políticas públicas para a juventude na Rede Cuca. O ex-presidenciável criticou o texto apresentado pelo presidente Jair Bolsonaro (PSL) e garantiu: "Do jeito que está não passa". Contudo, Ciro diz que ainda está estudando o projeto e que não costuma "dar opiniões superficiais sobre coisas que são complicadas".

Entre os pontos questionados por Gomes está a modificação das regras para quem recebe o Benefício de Prestação Continuada (BPC), caracterizada por ele como "um crime intolerável".

A proposta do governo determina que idosos sem meios de se sustentar, terão que aguardar até os 70 anos para receber o benefício, no valor de um salário mínimo, com a proposição de receber um valor menor, de R$ 400, a partir dos 60 anos de idade. Atualmente, o benefício é pago a idosos com 65 ou mais e também a pessoas com deficiência.

Há outras medidas que, segundo ele, "desconsideram o Brasil real". "(A reforma) É muito menos comprometida com a sensação de privilégios, que é o verdadeiro problema da previdência. Cadê os militares?", questiona o ex-ministro da Fazenda, corroborando com uma das críticas mais recorrentes ao projeto.

"É claro que eles são uma carreira à parte, mas repare bem: os militares hoje custam R$ 47 bilhões à Previdência e recolhem R$ 4 bilhões. Portanto, o maior buraco relativo da previdência é dos militares", argumenta.

O prefeito Roberto Cláudio (PDT) concorda com o correligionário sobre a falta de proposições que reduzam privilégios, já que seriam estes, segundo ele, o motivo para a distorção da previdência. "E há a preocupação de não dar tratamento diferenciado a situações distintas que existem na sociedade, principalmente proteger aqueles mais pobres, que estão na zona rural", completa. Contudo, ele reconhece que "a iniciativa de debater a Previdência é importante".

Ciro Gomes apresentou ainda críticas enfáticas quanto à maneira como Bolsonaro está guiando o processo de formulação da proposta e envio para os parlamentares. "Eu acredito, querendo ter de boa fé, que eles mandaram esse negócio tão ruim assim para ter margem para negociar", afirmou.

Ele explica, entretanto, que a estratégia para formular a reforma previdenciária deveria ter sido "abrir uma discussão generosa e chamar todo mundo para participar, trazer as ideias de todo mundo", para que assim a votação nas casas legislativas "fosse apenas homologatória do grande entendimento de trabalhadores, empresários, universidade, políticos". "É o que eu faria se fosse presidente", afirma.

"(Mas) Não, preferiu manter a sete chaves, não discutir com ninguém e mandar direto de cima para baixo. (...) Não vamos deixar essa reforma passar goela abaixo, na marra", garantiu o pedetista. Segundo ele, a previsão é que haja discussão da matéria, pelo menos, até o fim de maio, tempo no qual espera que seja possível formar a opinião e também fazer sugestões quanto ao texto da reforma.

Leia mais em Economia, nas páginas 9 e 10

 

Palestra na Rede Cuca

Ciro Gomes palestrou sobre "A importância de investir em política públicas de juventude no Brasil" na programação de aniversário da Rede Cuca. Também participaram do evento o prefeito Roberto Cláudio (PDT), o deputado federal André Figueiredo (PDT), o presidente da Assembleia, José Sarto (PDT) e o presidente da Câmara, Antônio Henrique (PDT), além de Eudoro Santana, superintendente do Iplanfor.

 

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