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"Se Flávio errou, lamento como pai, terá de pagar", diz Bolsonaro

2019-01-24 01:30:00
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O presidente Jair Bolsonaro comentou ontem as investigações envolvendo movimentações financeiras consideradas atípicas de seu filho mais velho, o deputado estadual e senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), e de um ex-assessor do gabinete na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj). Em entrevista à agência Bloomberg em Davos, na Suíça, durante o Fórum Econômico Mundial, Bolsonaro afirmou que, se ficar comprovado que o filho cometeu eventuais irregularidades, ele "terá de pagar o preço".

 

"Se por acaso Flávio errou e isso ficar provado, eu lamento como pai. Se Flávio errou, ele terá de pagar o preço por essas ações que não podemos aceitar", disse o presidente.

 

Bolsonaro se manifestou diretamente sobre o assunto após o caso ganhar maior dimensão nos últimos dias e desgastar o seu governo, que ainda não completou um mês. Ele vinha evitando a imprensa no momento em que se avolumaram citações a Flávio Bolsonaro em documentos de investigações e suspeitas.

 

O incômodo com o tema teria sido um dos principais motivos que levaram ao cancelamento do pronunciamento e coletiva de imprensa no Fórum Econômico Mundial com o presidente e os ministros Sérgio Moro (Justiça e Segurança Pública), Paulo Guedes (Economia) e Ernesto Araújo (Relações Exteriores).

 

A exemplo da declaração de Bolsonaro, o tom que a cúpula do governo procura dar às suspeitas é de descolamento. No Brasil, o presidente em exercício, Hamilton Mourão, recorreu a uma expressão militar para concordar com o presidente e defender apuração no caso envolvendo Flávio. "Qual é a sigla? Tu já sabe. 'Apurundaso'. Apurar e punir se for o caso", declarou Mourão, em referência à expressão usada entre militares, segundo ele.

 

Já o ministro-chefe da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, declarou que o Planalto "não vai perder o norte" e vai aguardar o andamento das apurações.

 

No início de dezembro do ano passado, antes de Bolsonaro tomar posse, um relatório do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) identificou movimentações suspeitas de R$ 1,2 milhão numa conta de Fabrício Queiroz - ex-assessor de Flávio na Alerj - entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017.

 

O procedimento de investigação criminal do qual Queiroz é alvo foi aberto há seis meses e tem como foco de apuração a suspeita de lavagem de dinheiro ou "ocultação de bens, direitos e valores" no gabinete do deputado estadual na Alerj.

 

Flávio Bolsonaro é alvo de ação cível. Ele e outros 26 parlamentares da Alerj são investigados por suspeita de improbidade administrativa, embora haja suspeitas de devolução ilegal aos parlamentares de parte dos salários ou benefícios dos funcionários, em supostos crimes de peculato.

 

O Ministério Público do Rio tenta desde o mês passado ouvir o depoimento de Queiroz. Convidado, o senador eleito também não prestou esclarecimentos aos promotores. Ele obteve na semana passada uma liminar do ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal, para suspender as investigações envolvendo seu ex-assessor.

 

Na reclamação feita ao Supremo, Flávio Bolsonaro pede a anulação de provas e argumenta que deveria ser processado no STF pelo fato de que assumirá o mandato no Senado. A decisão sobre a reclamação caberá ao ministro relator Marco Aurélio Mello, que já indicou que irá rejeitar os pedidos.

 

A manifestação da defesa de Flávio foi considerada um erro por integrantes do Planalto, que "nacionalizou" a crise antes circunscrita à Assembleia do Rio. 

 

(Agência Estado)

 

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