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Palocci diz que entregou dinheiro vivo a Lula

2019-01-19 01:30:00
O ex-ministro Antonio Palocci (Fazenda e Casa Civil dos governos do PT) afirmou em delação premiada na Polícia Federal que entregou propinas em espécie para o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Ele relatou pelo menos dois episódios aos investigadores, um no Terminal da Aeronáutica, em Brasília, e outro no Aeroporto de Congonhas, em São Paulo, em que teria entregue dinheiro vivo da empreiteira Odebrecht em uma caixa de celular e em uma caixa de uísque.

 

As informações sobre a delação foram reveladas pelo site O Antagonista e confirmadas pela reportagem do Estadão.

 

Palocci depôs no dia 13 de abril de 2018, uma semana depois que o ex-presidente foi preso para cumprir pena de 12 anos e um mês no processo do triplex do Guarujá.

 

Este relato do ex-ministro foi anexado na última quinta, 17, ao inquérito da PF que investiga supostas fraudes na licitação e construção da usina de Belo Monte.

 

Segundo Palocci, os repasses a Lula teriam ocorrido em 2010. O ex-ministro relatou uma conversa que teria tido com Marcelo Odebrecht na qual o empresário acertou o repasse de R$ 15 milhões para Lula depois que a empreiteira entrou no negócio de Belo Monte.

 

O delator, que foi alvo da Operação Omertà, desdobramento da Lava Jato em 2016, livrou-se da prisão após fechar acordo de delação com a PF. No depoimento de abril de 2018, Palocci afirmou ter repassado "em oportunidades diversas" cerca de R$ 30 mil, R$ 40 mil, R$ 50 mil e R$ 80 mil em espécie a Lula.

 

Segundo ele, "os valores eram demandados pelo próprio Lula com a orientação para que não comentasse sobre os pedidos com Paulo Okamotto (presidente do Instituto Lula) e nem com ninguém". Ele afirma que "sempre atendia aos pedidos de Lula".

 

Indagado pela PF se tinha testemunhas de suas revelações, Palocci apontou dois motoristas que trabalhavam para ele, na ocasião.

 

Palocci detalhou duas entregas de dinheiro a Lula, uma no Terminal da 

Aeronáutica, em Brasília, no valor de R$ 50 mil "escondidos dentro de uma caixa de celular". A outra entrega teria ocorrido em Congonhas. Ele contou que se recorda que a caminho do aeroporto "recebeu constantes chamadas telefônicas de Lula cobrando a entrega".

 

O ex-ministro falou, ainda, de uma reunião com outra empreiteira, Andrade Gutierrez, na qual teria sido acertado pagamento de 1% em propinas sobre o valor recebido pelo grupo nas obras de Belo Monte. Em troca, Palocci atuaria contra um consórcio que estava tentando "atravessar" a licitação.

 

Lula sempre negou recebimento de valores ilícitos. A Odebrecht informa que colabora com a Justiça nos termos do acordo que firmou com a Lava Jato. A reportagem está tentando contato com a Andrade Gutierrez. 

 

(Agência Estado)

 

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