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Comprador diz ter pago parte de imóvel em dinheiro vivo

2019-01-22 01:30:00
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O ex-jogador de vôlei de praia Fabio Guerra afirmou ontem ter pago cerca de R$ 100 mil em dinheiro ao senador eleito Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) para quitar parte da compra de um apartamento na zona sul do Rio de Janeiro, em 2017. 

 

A declaração coincide com a versão dada anteontem pelo filho do presidente Jair Bolsonaro sobre os depósitos fracionados em sua conta bancária que levantaram suspeita do Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf).

 

Um relatório do Coaf identificou como "movimentação atípica" na conta de Flávio 48 depósitos de R$ 2 mil feitos entre junho e julho de 2017 em um caixa eletrônico dentro da Assembleia Legislativa do Rio (Alerj), onde Flávio exercia seu quarto mandato consecutivo como deputado estadual. Os depósitos somaram R$ 96 mil.

 

No domingo, o senador eleito afirmou em entrevista às emissoras TV Record e RedeTV! que ele mesmo fez os depósitos em sua conta e que o valor era referente à parte do pagamento que recebeu em dinheiro vivo pela venda de um imóvel.

 

Ontem, o Jornal Nacional, da TV Globo, revelou que, segundo a escritura do imóvel, a venda do apartamento de Flávio envolveu uma permuta por outros dois imóveis, uma sala comercial na Barra da Tijuca e um apartamento na Urca, avaliado em R$ 1,5 milhão, além do pagamento de R$ 600 mil.

 

Segundo a reportagem, R$ 50 mil foram pagos com cheques em agosto de 2017, e os outros R$ 550 mil foram pagos em março daquele ano, ou seja, três meses antes dos depósitos que teriam sido feitos por Flávio Bolsonaro em sua conta e considerados atípicos pelo Coaf.

 

O apartamento havia sido comprado na planta por Flávio Bolsonaro pelo valor de R$ 1,7 milhão e foi vendido a Fabio Guerra por R$ 2,4 milhões. Em maio de 2018, Flávio vendeu o apartamento da Urca para a advogada Cláudia Soares Moura por R$ 1,1 milhão.

 

À reportagem, Guerra confirmou ter pago cerca de R$ 100 mil em dinheiro ao senador eleito, mas não deu mais detalhes da transação. Em nota, o advogado Antonio Carlos Marques Fernandes, contratado pelo ex-atleta à época do negócio, afirmou que "tudo foi feito de forma transparente e dentro do que determina a lei".

 

Ainda segundo o advogado, "as especulações que são feitas (sobre a transação imobiliária) são abusivas, uma vez que a operação imobiliária foi registrada em todos os órgãos de controle, respeitando todos os preceitos legais e fiscais e que os valores pagos e depositados pelo Fabio Guerra foram registrados em cartório e com seus impostos devidamente recolhidos". 

 

(Agência Estado)

 

RELATÓRIODO COAF

 

O relatório d o Coaf foi anexado pelo Ministério Público do Rio ao inquérito que investiga suspeita de devolução de parte de salário de assessores dentro do gabinete de Flávio Bolsonaro.

 

Entre os investigados está o ex-assessor de Flávio Bolsonaro, Fabrício Queiroz, que movimentou R$ 1,2 milhão em transações entre janeiro de 2016 e janeiro de 2017. No domingo, o jornal O Globo mostrou que a movimentação atípica nas contas de Queiroz alcançou R$ 7 milhões entre 2014 e 2017.

 

Nas eleições de 2018, Flávio declarou R$ 1,7 milhão em bens, entre os quais um apartamento de R$ 917 mil, uma sala comercial de R$ 150 mil, e 50% de uma loja de chocolate.

 

MOURÃO 

 

Ao deixar nesta segunda o Palácio do Jaburu, o presidente em exercício, Hamilton Mourão, voltou a falar que o caso não afeta o governo. "O governo, não. Pode preocupar o presidente como pai em relação ao filho, (...) apesar de ele não ter me dito nada a respeito", disse.

 

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