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'Agora sei que vou para a prisão', diz Battisti ao desembarcar na Itália
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'Agora sei que vou para a prisão', diz Battisti ao desembarcar na Itália

| INTERNACIONAL | Battisti cumprirá prisão perpétua no presídio de Oristano, na Sardenha. O italiano é condenado pelo assassinato de quatro pessoas na década de 1970
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CESARE BATTISTI foi preso no sábado na Bolívia e desembarcou em Roma ontem (Foto: Alberto PIZZOLI/AFP)
Foto: Alberto PIZZOLI/AFP CESARE BATTISTI foi preso no sábado na Bolívia e desembarcou em Roma ontem

Cesare Battisti desembarcou na Itália aparentando tranquilidade e como se não estivesse sendo levado para a prisão depois de 40 anos como fugitivo, de acordo com a imprensa do país. O periódico La Repubblica reproduziu as primeiras palavras de Battisti em solo italiano: "Agora sei que vou para a prisão". Ele foi preso no sábado na Bolívia e desembarcou em Roma ontem.

De acordo com o jornal italiano, Battisti também aparentou serenidade durante o voo, "sem sinais de desespero apesar de esperar pela prisão perpétua". Falou sobre a vida e também sobre a fuga do Brasil para a Bolívia depois que o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu a liminar que impedia a prisão de Battisti no País. Battisti dormiu durante boa parte do voo até a Itália.

Vestindo calça jeans e uma jaqueta marrom, ele desceu do avião sem algemas e foi recebido por agentes do grupo operacional móvel da polícia penitenciária.

O governo da Itália informou no início da tarde que Cesare Battisti será enviado para o Cárcere de Oristano, na ilha da Sardenha, para cumprir a pena de prisão perpétua. Anteriormente, havia sido divulgado que ele iria para a prisão de Rebibbia, em Roma.

O italiano foi capturado no último sábado, 12, nas ruas de Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, por agentes bolivianos em parceria com italianos. No momento da prisão, ele usava barba, óculos de sol, jeans e camiseta azul. Não mostrou resistência, não apresentou documentos e respondeu a algumas perguntas em português.

Após a prisão, o governo brasileiro deslocou um avião da Polícia Federal à Bolívia para trazer Battisti ao Brasil e, em seguida, extraditá-lo para a Itália, conforme promessa de campanha do presidente Jair Bolsonaro (PSL). O governo italiano, no entanto, já havia decidido levar Battisti diretamente ao país. Em uma nota conjunta divulgada no início da noite de ontem, os ministérios das Relações Exteriores e da Justiça brasileiros afirmaram que o importante era que o italiano respondesse por seus crimes.

Battisti deixou a Itália depois de ser condenado por quatro assassinatos cometidos entre 1977 e 1979. Na Itália, foi primeiramente condenado por participação em bando armado e ocultação de armas a 12 anos e dez meses de prisão em 1981. Mais de uma década depois, em 1993, teve a prisão perpétua decretada pela Justiça de Milão, em razão de quatro homicídios hediondos contra um guarda carcerário, um agente de polícia, um militante neofascista e um joalheiro.

Após idas e vindas por França e México entre 1981 e 2004, chegou ao Brasil e foi preso em 2007. No último dia de seu segundo mandato, no entanto, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) concedeu asilo político para o italiano e impediu sua extradição.

Em setembro de 2017, o governo italiano pediu ao ex-presidente Michel Temer (MDB) a revisão da decisão sobre Battisti. No dia 13 de dezembro do ano passado, o ministro Luiz Fux determinou a prisão do ex-ativista. No dia seguinte, a extradição foi autorizada por Temer. Desde então, Battisti estava foragido. (Com agências)

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