Os fins justificarão os motivos que levam a cada escolha
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Os fins justificarão os motivos que levam a cada escolha

2018-12-28 01:30:00

Há movimentos do governador Camilo Santana (PT) na montagem da nova equipe de secretários que precisam de uma análise de natureza mais profunda na busca de entender suas razões. Não basta olhar uma indicação e logo defini-la, acriticamente, como sinal de renovação ou de continuidade. É necessário que se faça uma análise caso a caso, quase, para compreender as razões da escolha e o contexto de suas justificativas.

 

Veja-se o caso de Élcio Batista, que vai além de uma simples mudança de sala dentro do Palácio da Abolição com a troca da Chefia de Gabinete por uma encorpada Casa Civil no futuro. Na estrutura pensada, mas ainda sujeita às interferências políticas de última hora, dá-se a um só homem o papel de gerenciar todo o secretariado, cuidar da comunicação e articular a parte política. É muita coisa, talvez nunca antes vista em outro momento da política estadual. Há, ai, algo além de uma simples manutenção de peça dentro de um modelo administrativo que o voto, na sua força soberana, aprovou. A situação difere, por exemplo, daquela que ajuda a explicar a permanência de outro secretário de hoje, o titular da pasta de Segurança Pública, André Costa. Sua missão, simples, foca mais o ambiente interno e lhe exige que continue a tarefa de agora, mantendo o aparelho policial sob controle e à distância de influências externas (leia-se, a liderança do deputado Capitão Wagner), antecipando-se e evitando desestabilizações e crises mais difíceis de debelar depois de criadas.

 

Dois exemplos que, contraditórios entre eles, mostram que nem sempre o simples fato de alguém permanecer secretário simboliza um indicador duro de que a intenção é, necessariamente, manter tudo como está. Eis a complexidade do processo.

 

Existe um outro passo já praticamente decidido, este diferente dos anteriores, que também merece explicação quanto às suas razões estratégicas. Trata-se da ida do Doutor Cabeto para comandar a Saúde, sonho antigo de Camilo, como mostram as frustradas tentativas anteriores de levá-lo ao governo, mas que ganha um peso ainda mais expressivo pelo momento em que pode acontecer. É possível sugerir que a ideia seja utilizá-lo para neutralização de um problema apontado para a área com a ida da médica, ex-presidente do Sindicato e candidata derrotada do PSDB ao Senado, Mayra Pinheiro, para cargo estratégico na gestão Jair Bolsonaro. Uma realidade que passou a impor a presença de um interlocutor capaz de manter o diálogo possível com uma notória crítica do PT e do seu governo. Caso do quase indicado.

 

São situações, as três, que só demonstram o quebra-cabeças em que se transformou a montagem de uma equipe que garanta os vários equilíbrios necessários ao desafio de governar no contexto atual da política brasileira. É a junção de todas as peças, cada uma delas com sua importância relativa própria, que poderá garantir a Camilo Santana a harmonia de que precisará para a travessia dos quatro difíceis anos que devem marcar o seu próximo mandato, que começa em 1º de janeiro.

 

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