Em reunião com Moro, Camilo defende isolamento de líderes de facções
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Em reunião com Moro, Camilo defende isolamento de líderes de facções

2018-12-13 01:30:00
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Em reunião com o futuro ministro da Justiça Sergio Moro nessa quarta-feira, em Brasília, o governador Camilo Santana (PT) defendeu o isolamento de lideranças de facções criminosas presas nos estados e seu envio para unidades federais.

 

[SAIBAMAIS]A proposta foi incluída em um documento elaborado ao fim do encontro promovido pelo Fórum de Governadores, do qual participaram 23 chefes de Executivo e dois vices eleitos e o presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Dias Toffoli. Apenas três estados não enviaram representantes: Tocantins, Goiás e Paraná.

Extraoficial, a carta apresenta seis prioridades atribuídas aos gestores que se encontraram com Moro. Além do isolamento dos líderes de organizações criminosas, ela reivindica um reforço ao Fundo Penitenciário Nacional, com a divisão de recursos previamente estabelecida para cada estado, nos moldes do Fundo Nacional da Educação; o incremento de políticas anticorrupção; o emprego mais eficaz da inteligência no combate ao crime; e o desenvolvimento de um banco de dados nacional com impressões digitais.

O documento, que não chegou a ser lido durante a reunião, a primeira de Camilo com membros da equipe de Jair Bolsonaro (PSL), ainda precisa passar por análise dos governadores, que devem se encontrar mensalmente após a posse do presidente eleito, em 1º de janeiro de 2019.

Dos tópicos expostos na conversa com o futuro ministro, porém, o governador do Ceará manifestou-se positivamente sobre o envio de chefes de facções para presídios federais. Ele não comentou os demais. Em sua fala a Moro, o petista voltou a se queixar de que "toda a responsabilidade da segurança recai hoje sobre os governadores".

Em seguida, Camilo citou a proteção de fronteiras e o narcotráfico como desafios para Bolsonaro. "Isso não é responsabilidade dos estados", disse. "A nossa defesa é que o Governo Federal possa ser o grande maestro dessa pactuação nacional."

Presidente do Conselho Penitenciário do Estado (Copen), Cláudio Justa avalia que há obstáculos para a transferência de presos. "Há muitos filiados a facções assumindo postos de comando nos presídios, mas não temos capacidade e inteligência para fazer essa seleção", diz.

"Qual é o critério (para identificar lideres)? Ordenar ataques de rua? Precisamos estabelecer isso", sugere. Além disso, Justa considera que as lideranças de facções "são altamente substituíveis".

Ricardo Moura, pesquisador da Universidade Estadual do Ceará (Uece) e colunista do O POVO, elogia a medida, mas pondera que há muita resistência em adotá-la porque surte impacto direto nos presídios. "Os líderes das facções vão se insurgir contra ela. Por isso essa decisão tem que vir do Governo Federal e não do local", responde.

Justa acrescenta que, hoje, o Estado "prende no atacado", mas "não temos prisões de lideranças, da logística e daqueles que lavam o dinheiro e alimentam a cadeia do crime, o transporte e o carregamento da droga".

DORIA 

O governador eleito de São Paulo, João Doria (PSDB), foi um dos organizadores do encontro entre chefes de Executivo e membros da equipe do presidente eleito Jair Bolsonaro, ontem.

Henrique Araújo

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