A reação armada no Ceará contra a Ditadura
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A reação armada no Ceará contra a Ditadura

2018-12-13 01:30:00
Fortaleza, 16 de março de 1970. Um carro-forte do London Bank deixa o terminal do Mucuripe rumo ao Centro de Fortaleza. O trajeto, que deveria transportar 200 mil cruzeiros para a sede do banco, é interceptado por volta das 17h40min por um corcel verde. A bordo, três homens armados com revólveres, que tomam a camioneta e fogem do local. Não era um assalto comum, mas sim uma ação orquestrada pelo Partido Comunista Brasileiro Revolucionário (PCBR), grupo terrorista que atuava no País.

 

A história, narrada no livro Além das Armas: Guerrilheiros de esquerda no Ceará durante a Ditadura Militar, do historiador cearense Airton de Farias, mostra um dos episódios mais marcantes da luta armada no Estado. Nos meses que seguiram o AI-5, grupos de esquerda que tentavam derrubar a Ditadura Militar radicalizaram o combate ao governo federal, optando por ações violentas em todo o País, inclusive Fortaleza.

 

Um dos casos mais marcantes foi um assalto tocado pela Aliança Libertadora Nacional, fundada pelo guerrilheiro Carlos Marighella, ao Banco Mercantil, situado próximo ao Mercado São Sebastião. Outra ação, que não obteve êxito, foi a tentativa de guerrilheiros de estourar uma bomba no curso de línguas do Ibeu, "símbolo da cultura norte-americana" no Centro de Fortaleza.

 

"Mesmo com o início da Ditadura e com a repressão ocorrendo, seguiram ocorrendo articulações, principalmente greves. Com o AI-5, cada vez mais os militantes acabaram investindo na luta armada. O Ceará chegou inclusive a ser ponto de treinamento, os guerrilheiros treinavam aqui e iam para a Guerrilha do Araguaia (...) na maior parte estudantes", diz Airton de Farias.

 

Apesar das reações violentas, o historiador destaca pouca repercussão do movimento contestador à Ditadura no Ceará. "Em geral as elites apoiavam. 

 

Aqui era um estado muito frágil, pequeno, e havia um centralismo muito grande", diz. Ele destaca a relação forte do governador à época, Plácido Castelo, com o Governo Federal. "O MDB era um partido inexpressivo aqui, os outros estavam presos, na clandestinidade ou partindo para a luta armada".

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