Governador eleito nega ter defendido "devolução" de venezuelanos
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Governador eleito nega ter defendido "devolução" de venezuelanos

2018-11-26 01:30:00

O governador eleito de Roraima, Antonio Denarium (PSL), afirmou ontem, em nota publicada nas redes sociais, que defende o retorno dos "vários irmãos" venezuelanos e não a devolução, como foi interpretado por alguns setores da imprensa. À Agência Brasil, ele disse que a solução passa por mais investimentos federais na região, maior controle na entrada dos refugiados, por programas de acolhimento em outros estados brasileiros e o regresso dessas pessoas para o país de origem.

Denarium buscou, na nota, esmiuçar o que quis dizer. "Esclareço que em nenhum momento, defendi a "devolução" dos venezuelanos ao seu país, como se tais cidadãos fossem meras mercadorias. Temos que ajudar aqueles que desejam ficar no Brasil, mas também não podemos fechar os olhos para quem quer voltar pra casa.".

Segundo o governador eleito, o "desejo manifesto de vários irmãos oriundos desse país, que ao me encontrarem em diferentes locais, falam com tristeza sobre a situação complicada em que se encontram em Roraima, muitas vezes morando nas ruas, sem apoio e sem dinheiro. E por isso, preferem retornar à Venezuela".

De acordo com Denarium, a realidade em Roraima é de existência de abrigos em Boa Vista e Pacaraima, que "não comportam mais a quantidade de imigrantes" em busca de emprego e oportunidades. "Sem emprego e recursos, a situação deles [imigrantes venezuelanos] só piora a cada dia. E por isso, muitos manifestam o desejo de retornar à sua pátria. E é exatamente a essas pessoas, que dirigi a minha fala, como forma de tentar ajudá-las. Jamais quis passar a ideia de 'devolução".

O presidente eleito, Jair Bolsonaro, posicionou-se contra a ideia de Denarium, antes dele esclarecer a situação em nota. "Eles (os venezuelanos) não são mercadoria nem objeto para serem devolvidos. Se tivesse um governo democrático há algum tempo, nós deveríamos tomar outras providências como, por exemplo, excluir a Venezuela do Mercosul. A Venezuela não pode ser tratada como país democrático", avaliou.

Bolsonaro tem defendido um rígido controle na entrada de refugiados venezuelanos que chegam ao país. Ele afirmou que os venezuelanos fogem de uma ditadura e o Brasil não pode deixá-los à própria sorte. Como medida para tentar resolver o problema, o presidente eleito sugeriu a criação de campos de refugiados, "talvez, para atender aos venezuelanos que fogem de uma ditadura", disse, no Rio de Janeiro.

Segundo ele, que esteve em Roraima por duas vezes ao longo dos últimos quatro anos, o estado não vai conseguir resolver a situação sozinho. Na sua opinião, faltou ao governo brasileiro se antecipar ao problema, por exemplo, estabelecendo um controle migratório de venezuelanos mais firme.

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