Um dia após eleição, Ciro e PT disputam liderança da oposição
PUBLICIDADE

VERSÃO IMPRESSA

Um dia após eleição, Ciro e PT disputam liderança da oposição

2018-10-30 01:30:00
NULL
NULL

 

[FOTO1]

Menos de 24 horas depois do fim da disputa que elegeu Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência, a liderança da oposição ao militar da reserva se converteu numa queda de braço entre partidos de centro-esquerda.

 

Terceiro colocado no pleito, com 13 milhões de votos, o ex- governador Ciro Gomes (PDT) declarou nas redes sociais nessa segunda-feira que a “oposição que nasce não se confunde com forças que só defendem a democracia ao sabor de seus interesses mesquinhos ou crescentemente inescrupulosos”.

A crítica do pedetista tem endereço presumido: o PT do candidato Fernando Haddad (PT), que foi ao segundo turno contra Bolsonaro, obtendo 45% dos votos válidos ante 55% do ex-capitão.

Durante toda a etapa decisiva do pleito, o partido de Lula aguardou um gesto de apoio de Ciro, que não se efetivou. Na véspera da votação, após regressar

de viagem à Europa, o ex-presidenciável chegou a gravar um vídeo, não para declarar voto em Haddad, mas para acenar ao projeto de concorrer em 2022.

As respostas de ontem dadas pelo Ferreira Gomes sinalizam para a formação de uma frente no Congresso que prioriza as duas siglas com as quais o ex-candidato tentou negociar ainda no primeiro turno: PSB e PCdoB.

Em entrevista ao O POVO, a vice-governadora eleita de Pernambuco e presidente nacional da legenda comunista, Luciana Santos, afirmou que a hora é de ter “serenidade e paciência”. Questionada sobre a possibilidade de constituir

um bloco com o PDT de Ciro, mas sem a participação do PT, a dirigente desconversou.

“É necessário ter forte resistência aos efeitos colaterais do governo de um presidente que faz apologia à violência”, disse. “Serenidade é centrar fogo na resistência. Temos que lutar por ela com o máximo de aliados.”

Deputado federal eleito e coordenador da campanha de Haddad no Ceará, José Guimarães (PT) rebateu as críticas de Ciro e as movimentações do PDT para encabeçar uma oposição isolando o PT. “Ninguém lidera oposição no País sem o PT”, afirmou o parlamentar. “As urnas disseram isso. No mínimo, é uma imbecilidade.”

De acordo com Guimarães, o partido sai fortalecido das eleições de 2018 depois de conquistar a maior bancada da Câmara dos Deputados e eleger a maioria dos governadores do Nordeste, onde Haddad teve expressiva votação. Sobre a formação de um grupo oposicionista a Bolsonaro no Congresso a partir de 2019, o petista acrescentou: “Defendemos uma ampla frente de resistência ao fascismo e ao governo do Temer que o Bolsonaro vai dar continuidade”.

No domingo, pouco antes do anúncio do resultado das eleições, Guimarães criticou Ciro indiretamente ao lembrar os apoios já manifestados ao ex-prefeito de São Paulo na reta final da campanha.

“Caminhamos para o encerramento da votação. Muitos se juntaram a Haddad pela democracia, como Joaquim Barbosa e Janot”, citou o deputado. “Outros preferiram o silêncio de cúmplice com o que representa Bolsonaro. Se o PT colocou Haddad no 2º turno foi porque o povo quis.”

 

Henrique Araújo

TAGS