Para onde aponta a política externa brasileira?
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Para onde aponta a política externa brasileira?

2018-10-19 01:30:00

Em poucos dias, os brasileiros terão um presidente para chamar de seu, embora o ânimo das campanhas dos candidatos demonstre um estado de dicotomia, longe de ser o termômetro para o desenvolvimento e a solução para os problemas que o País enfrenta.

 

Envolvidos numa agenda doméstica, absolutamente imperativa quando sérios problemas ligados à segurança, educação, saúde, habitação e emprego e renda dentre muitos outros precisam de soluções, os postulantes ao Palácio do Planalto nas discussões e no pobre debate, pouco apresentam sobre o que pensam sobre a política externa brasileira para o seu governo e principalmente para o País, a partir de 1º de janeiro.

 

Sem uma preocupação aparente sobre o papel do Brasil no cenário internacional na atualidade e no futuro e consumidos por uma agenda intestina, os concorrentes à Presidência da República não aparentam preocupação em discutir temas atuais como os rumos da economia global e fluxos migratórios, urbanização, tecnologia, energia, mudanças climáticas, escassez de alimentos e água e instabilidade geopolítica.

 

A miopia dos candidatos não enxerga que a cooperação internacional é o caminho natural para a implementação de políticas para promover a atração do investimento estrangeiro, o crescimento das exportações e a ampliação da balança comercial brasileira com parceiros antigos e ao mesmo tempo serve como pretexto positivo para a abertura de novos mercados, ajudando as marcas nacionais a consolidarem seu espaço mundo afora.

 

Por outro lado, no campo político, as linhas de ação estão mais indiretamente relacionadas à promoção do desenvolvimento, pois seus efeitos práticos não atingem as áreas econômicas e sociais tão rapidamente, mas ajudam a criar um ambiente positivo para cooperação internacional, promoção comercial, política de investimento e negociações comerciais.

 

Numa economia global em expansão, é obrigação dos governantes ao definirem suas prioridades para política externa de seu governo, enxergarem as oportunidades para a exportação de bens e serviços, mas também aumenta a competição por mercados, empregos e investimentos. De fato, no contexto das relações internacionais todos os parceiros são importantes, mas há aqueles que são prioritários.

 

A história tem mostrado que alguns fatores de influência sobre os rumos da política externa de um governo incluem a personalidade e a cognição do líder, seu grau de racionalidade e muitas vezes o interesse de grupos na agenda doméstica e/ou internacional.

 

De qualquer maneira, o pensamento do filósofo romano Sêneca continua atual ao afirmar que "não existe vento favorável a quem não sabe onde deseja ir".

 

João Bosco Monte

Presidente do Instituto Brasil África

Pós-doutorado em Relações Internacionais

 

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