Mourão processará Geraldo Azevedo; cantor diz que foi 'equívoco'
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Mourão processará Geraldo Azevedo; cantor diz que foi 'equívoco'

2018-10-24 01:30:00
 

O general da reserva Hamilton Mourão, vice na chapa do candidato à Presidência pelo PSL, Jair Bolsonaro, disse que vai processar o cantor e compositor Geraldo Azevedo que o acusou em um show no fim de semana de torturá-lo durante o regime militar.

 

Mourão afirmou que em 1969, ano em que o artista esteve preso pela primeira vez, ainda não tinha ingressado no Exército. "É uma coisa tão mentirosa", disse Mourão. "Ele me acusa de tê-lo torturado em 1969. Eu era aluno do Colégio Militar em Porto Alegre e tinha 16 anos", afirmou o general da reserva. "Cabe processo."

 

Hamilton Mourão entrou em 1972 na Academia Militar das Agulhas Negras (AMAN) e se formou em 1975. O vice de Bolsonaro é filho do general de divisão Antonio Hamilton Mourão.

 

Procurado pela reportagem na manhã de ontem, Azevedo negou que Hamilton Mourão estivesse entre os militares que o torturaram quando ele foi preso, em 1969 e em 1974.

 

Em nota, o artista pediu desculpas "pelo transtorno causado pelo equívoco e reafirmou sua opinião de que não há espaço no Brasil de hoje para a volta de um regime que tem a tortura como política de Estado e cerceia a liberdade de imprensa."

 

As declarações de Geraldo Azevedo, dadas em show no final de semana na Bahia, foram citadas pelo candidato a presidente pelo PT, Fernando Haddad, em sabatina, ontem pela manhã, no jornal O Globo.

 

Durante a tarde, ao comentar o engano de Geraldo Azevedo, Haddad expressou solidariedade ao cantor e disse que todos que foram torturados estão sujeitos a esse tipo de confusão. Segundo ele, não se trata de fake news de sua campanha.

 

"Eu dei a público uma informação que recebi de fonte fidedigna. Geraldo Azevedo realmente foi torturado e realmente disse que foi pelo Mourão", disse. "Eu me solidarizo com ele, todo mundo que foi torturado está sujeito a esse tipo de confusão. O esclarecimento também teve que se dar a público para que não haja dúvida. Isso não tira o fato de que o Mourão, quando passou para a reserva, disse com todas as letras que o Ustra, um torturador, era uma de suas referências. Tanto o Bolsonaro quanto o Mourão têm o Ustra como referência", ressaltou.

 

Haddad afirmou ainda que corrigiu o engano. "O fato de eu ter dado a público e eu ter esclarecido é prova de boa fé. Eu não peguei empresário corrupto com dinheiro sujo pra soltar informações na internet. Eu falei com cara limpa e foi esclarecido. Geraldo Azevedo teve a clareza de esclarecer".

Agência Estado

 

NOTA

"Geraldo Azevedo se desculpa pelo transtorno causado por seu equívoco e reafirma sua opinião de que não há espaço, no Brasil de hoje, para a volta de um regime que tem a tortura como política de Estado e que cerceia as liberdades individuais e de imprensa", informa a nota divulgada pela assessoria do cantor.

 

 

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