Em delação, Palocci diz que Lula sabia da corrupção
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Em delação, Palocci diz que Lula sabia da corrupção

2018-10-02 01:30:00

 

O juiz Sérgio Moro levantou o sigilo do Termo de Colaboração 1 do ex-ministro dos Governos Dilma e Lula, Antonio Palocci. Essa parte da delação, que Palocci fechou com a Polícia Federal e foi homologada pelo desembargador Gebran Neto, do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), está inserida nos autos de uma das ações penais da Operação Lava Jato contra Lula em que o ex-presidente é réu por corrupção passiva e lavagem de dinheiro na compra de um apartamento em São Bernardo do Campo e de um terreno supostamente destinado ao Instituto Lula.

 

Na delação, o ex-ministro detalhou o suposto loteamento de cargos na Petrobras com a finalidade de captação de recursos para campanhas petistas. Ele reafirma que Lula teria conhecimento de esquemas de corrupção na estatal.

 

A delação de Palocci contém uma narrativa minuciosa e explica como foi montado o esquema de propinas e loteamento de cargos estratégicos atendendo interesses de partidos políticos na Petrobras, a partir das indicações de Paulo Roberto Costa (Diretoria de Abastecimento) e de Renato Duque (Serviços).

 

O relato do ex-ministro aponta, inclusive, locais onde o ex-presidente teria tratado pessoalmente da ocupação dos cargos na estatal, o 1º andar do Palácio do Planalto.

 

"Em fevereiro de 2007, logo após sua reeleição, Luiz Inácio Lula da Silva convocou o colaborador, à época deputado federal, ao Palácio da Alvorada, em ambiente reservado no primeiro andar, para, bastante irritado, dizer que havia tido ciência de que os diretores da Petrobras Renato Duque e Paulo Roberto Costa estavam envolvidos em diversos crimes no âmbito das suas diretorias", relatou Palocci.

 

O ex-ministro ainda diz que "o governo não sabia, à época, qual era o ganho pessoal dos diretores nessas operações" e que "isso não interessava ao governo que, embora não gostasse da prática, não trazia grandes preocupações".

 

O ex-ministro relata que "era comum Lula, em ambientes restritos, reclamar e até esbravejar sobre assuntos ilícitos que chegavam a ele e que tinham ocorrido por sua decisão" e que "a intenção de Lula era clara no sentido de testar os interlocutores sobre seu grau de conhecimento e o impacto de sua negativa".

 

Palocci afirma que a campanha presidencial de reeleição de Dilma Rousseff em 2014 custou R$ 800 milhões. O valor é mais do que o dobro dos R$ 350 milhões declarados ao Tribunal Superior Eleitoral (TSE). "Pode citar que as campanhas presidenciais do PT custaram em 2010 e 2014, aproximadamente, 600 e 800 milhões de reais, respectivamente".

 

As "prestações regulares registradas no TSE são perfeitas do ponto de vista formal". "Mas acumulam ilicitudes em quase todos os recursos recebidos", contou. Segundo Palocci, "a maior parte das doações registradas no TSE é acometida de origem ilícita". "O TSE não tem como saber se a doação é ilícita, uma vez que não fiscaliza a origem do dinheiro".

AE

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