Deputados perdem antigas hegemonias em redutos no Interior 

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Deputados perdem antigas hegemonias em redutos no Interior

2018-10-12 01:30:00
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Ocupando vaga "cativa" do município de Granja há mais de 20 anos, o deputado Gony Arruda (PP) desistiu neste ano de disputar o sexto mandato consecutivo na Assembleia. Os cerca de oito mil votos que ele tirou no reduto em 2014, no entanto, não ficaram sem dono: foram parar quase todos com Romeu Aldigueri (PDT), primo e adversário de Gony na região.

 

A queda de Arruda, que desistiu de disputar eleição após se ver com baixas chances de vitória, simboliza apenas uma das diversas hegemonias que chegaram ao fim no último domingo. Entre os dez deputados federais e os sete deputados estaduais que perderam a reeleição, quase todos tiveram votações "minadas" em tradicionais redutos eleitorais.

 

Em alguns dos casos, parlamentares chegaram a perder mais de 95% da votação conquistada em 2014. Naquele ano, por exemplo, o município de Tianguá, no Noroeste cearense, chegou a conferir mais de 8,8 votos para candidatura de Antonio Balhmann (PDT) a deputado federal. Neste ano, no entanto, o deputado teve 88 votos - apenas 1% do resultado de quatro anos.

 

Na maioria dos casos, mudança nos redutos ocorreu após lideranças tradicionalmente locais entrarem em cena na disputa estadual. Em Maranguape, por exemplo, dobradinha entre os ex-prefeitos Átila Câmara (Patriota) e George Valentim (PCdoB) para a Câmara e Assembleia, respectivamente, deixaram de fora os deputados Raimundo Matos (PSDB) e Lucílvio Girão (PP).

 

Na Região Metropolitana de Fortaleza, eleição de Naumi Amorim (PSD) para a Prefeitura de Caucaia barrou reeleição de Danilo Forte (PSDB). Após reaproximação do PSD com a base de Camilo Santana (PT), o tucano acabou isolado na oposição e teve bases minadas por Naumi, que apoiou a esposa Érika Amorim (PSD) para a AL e Domingos Neto (PSD) para a Câmara.

 

Eleito pelo PT em 2014, o deputado Odorico Monteiro (PSB) pensou ter feito um ótimo negócio quando trocou a sigla pelo Pros no auge da crise do impeachment de Dilma Rousseff (PT) em 2016. De dois anos para cá, o parlamentar se manteve próximo de Camilo e trouxe o PSB para a base do governo, atuando ainda na defesa de Dilma Rousseff e do ex-presidente Lula no Estado.

 

A posição simpática ao PT, no entanto, não foi suficiente para que petistas não tomassem bases do ex-correligionário pelo interior do Estado. No caso mais evidente, Odorico perdeu quase todos os 10 mil votos que tirou em Itapipoca - antigo reduto da sigla - para o "soldado de partido" José Guimarães (PT), que fez 13 mil votos.

 

A derrocada em números absolutos mais expressiva ocorreu em Iguatu, onde Aníbal Gomes (DEM) foi de 16,4 mil votos em 2014 para apenas 818 neste ano. O "desmonte" do eleitorado ocorreu após terminar parceria entre Aníbal e o ex-prefeito do Município, Agenor Neto (MDB), e crescer a candidatura de "3ª via" do vereador Nelho Bezerra (Pros) pela oposição.

 

O crescimento de candidaturas de secretários do governo Camilo, como Idilvan (PDT) e Fernando Santana (PT), também fez várias "vítimas" pelo Interior. Um dos casos mais evidentes foi do jornalista Ely Aguiar (DC), que despencou de sete mil para quase dois mil votos no Crato - região que deu expressiva votação a Fernando Santana, com 8 mil.

 

REDUTO

Mauro Filho, Danniel Oliveira e Guilherme Landim foram candidatos que saíram como mais votados em mais municípios. Confira o mapa completo no link https://bit.ly/2CDWF5E

 

 

Carlos Mazza

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