Juíza federal determina segundo inquérito contra Cid Gomes na Lava Jato
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Juíza federal determina segundo inquérito contra Cid Gomes na Lava Jato

2018-09-29 01:30:00
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A juíza federal Cintia Menezes Brunetta, respondendo pela 12ª Vara Federal do Ceará, determinou a abertura de segundo inquérito contra o ex-governador do Estado e candidato ao Senado Cid Gomes (PDT) na Lava Jato. Enviado à Polícia Federal, o caso apurará denúncia de negociação de propinas contra Cid pelo ex-diretor da JBS, Wesley Batista.

 

Em delação premiada, Wesley disse que o ex-governador teria condicionado pagamento de créditos de ICMS da Cascavel Couros uma empresa da JBS com o Estado à liberação de doações para campanhas eleitorais em 2010 e 2014. Em março deste ano, a Justiça Federal determinou abertura de inquérito referente à eleição de 2010.

 

Já nesta semana foi determinada investigação sobre o caso de 2014, quando Camilo Santana (PT) foi eleito governador do Ceará com apoio de Cid. A ação demorou a ter andamento, pois desde o ano passado a defesa questiona competência da Justiça local para julgar o caso, uma vez que a denúncia de Batista envolve o deputado federal Antônio Balhmann (PDT).

 

Recente decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) restringindo o foro privilegiado de deputados federais, no entanto, acabou liberando retorno do caso à Justiça Federal do Ceará. "Os fatos descritos podem constituir o crime de corrupção, praticado, em tese, no ano de 2014 () fazendo-se necessária a instauração de inquérito policial", decidiu a juíza.

 

Segundo o empresário, Cid teria procurado pessoalmente o grupo e o esquema teria operado também em 2010. De acordo com o depoimento, o cearense teria condicionado repasse de créditos da Cascavel Couros com o Estado, em R$ 110 milhões, a repasses para campanhas. Entre junho e outubro de 2014, o Ceará liberou nove pagamentos somando R$ 111,6 milhões para empresas da JBS. O primeiro repasse para a Cascavel Couros, de R$ 15 milhões, ocorreu quatro dias antes da primeira doação da JBS para a campanha de Camilo Santana. Muitas das demais doações ocorreram até dois dias após repasses do ICMS.

 

Em entrevista após a denúncia, Cid se disse "veementemente indignado" com acusações e rejeitou que qualquer doação da JBS tenha vínculo com ações do governo. Procurada ontem pelo O POVO sobre o novo inquérito, a assessoria de imprensa de Cid afirmou que o candidato a senador não se manifestará sobre o caso.

 

A reportagem do O POVO abordou ainda o aliado do candidato e presidente da Câmara dos Vereadores, Salmito Filho (PDT). "Não tenho conhecimento", respondeu por duas vezes. As assessorias do líder do Governo na Assembleia, Evandro Leitão (PDT), e do deputado federal André Figueiredo (PDT) foram procuradas, mas não retornaram o contato.

 

Carlos Mazza

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