Não sei se o PT ganhou, mas é certo que Ciro perdeu 

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Não sei se o PT ganhou, mas é certo que Ciro perdeu

2018-08-02 01:30:00

Há uma maneira simples de refletir sobre o anúncio de que PT e PSB fizeram acordo sobre as eleições presidenciais de 2018: ele impõe sério problema à campanha de Ciro Gomes, do PDT, que perde possibilidade real de aliança. É mais uma disputa da qual Ciro sai derrotado, alguns dias após assistir os comandantes do centrão anunciarem apoio a Geraldo Alckmin, do PSDB, depois de discutir por dias com eles a possibilidade de acordo eleitoral, apresentando-se humilde, chegando a pedir uma lista de pessoas que se sentiram agredidas por suas palavras um dia no DEM, para se desculpar com cada uma delas, despachando Mauro Filho para discutir as linhas do seu programa de governo etc.

 

Voltando ao PT, que parece ter marcado um gol político, na verdade precisará administrar os efeitos da comemorada decisão do PSB. Especialmente quanto ao caso de Pernambuco, onde uma candidatura competitiva ao governo do Estado, da atual vereadora de Recife, Marília Arraes, foi atropelada pela articulação nacional e será retirada como gesto de boa vontade. Aliás, era condição porque o apoio petista à reeleição do governador Paulo Câmara, do PSB, desde o início foi apresentado como primeira condição para a conversa prosperar.

 

Marilia já anunciou que não entregou os pontos e vai à luta por seu direito de se candidatar. Uma história de resistência que lembra muito uma outra vivenciada aqui no Ceará, no distante 2004, quando a então jovem deputada Luizianne Lins atravessou a estratégia nacional petista de abraçar o aliado Inácio Arruda (PCdoB), lançou-se candidata à Prefeitura de Fortaleza pelo partido, ganhou a convenção (por um voto), foi à campanha e terminou eleita. Sem apoio e sem simpatia da turma lá de cima.

 

Fica, agora, a dúvida quanto à reação que terá Ciro, repita-se, o grande perdedor do processo. Não era um aliado do PT cem por cento, é verdade, mas de vez em quando anunciava-se como tal, defendia o Lula naquele seu jeito peculiar e se inseria entre as possibilidades de um entendimento político para 2018, por exemplo. No novo contexto, ninguém mais consegue apontar como ele passa a enxergar os petistas, especialmente no caso de a estratégia funcionar, o partido seguir adiante e chegar com o nome que tiver apresentado ao segundo turno. Haverá clima para retomar as conversas?

 

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