Embate sobre direito da mulher aquece debate de presidenciáveis
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Embate sobre direito da mulher aquece debate de presidenciáveis

2018-08-18 01:30:00
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O debate da RedeTV! ontem à noite foi realizado em formato diferente, seguindo modelo dos Estados Unidos. O enfrentamento de cada candidato era feito de pé dentro de um círculo e cara a cara. Eles podiam escolher quem enfrentar, mas cada um só podia perguntar e responder uma vez por rodada. O molde permitiu maior dinâmica e abriu espaço para ataques aos partidos e às colocações.

 

Sem tanta expressividade no primeiro debate, da Band, o candidato governista Henrique Meirelles (MDB) provocou representantes da esquerda à direita, de Guilherme Boulos (Psol) a Jair Bolsonaro (PSL). Sobre Bolsonaro, ele questionou as declarações do deputado sobre os salários das mulheres. Meirelles tentou se apresentar como "não-político", frisando diversas vezes que não era investigado mesmo já tendo ocupado cargos públicos e afirmando-se favorável às causas das mulheres.

 

Bolsonaro respondeu que deveria somente seguir as leis trabalhistas existentes, sem obrigar empresas a pagar salários iguais para homens e mulheres. Aproveitando a deixa de Meirelles, Marina Silva (Rede), que havia ficado mais à margem no início do programa partiu para o ataque.

 

"Só uma pessoa que não sabe o que significa uma mulher ganhar um salário menor que o homem, ter as mesmas capacidades, as mesmas competências e ser a primeira a ser demitida e a última a ser promovida. (...) Tem que se preocupar, sim. Não fazer vista grossa, dizendo que não precisa se preocupar, precisa se preocupar, sim. Você acha que tem que resolver tudo no grito na violência", disse ela a Bolsonaro.

 

Ciro Gomes (PDT) e Geraldo Alckmin (PSDB) se escolheram mutuamente pelo menos três vezes. Os dois se isolaram em debate sobre economia. Ciro manteve o tom pacífico que adotou no debate anterior. Cabo Daciolo sobrou em mais de uma rodada, como última opção de enfrentamento. Mais uma vez, assumiu tom de pastor de igreja, com diversas citações à Bíblia, embora repetisse: "Não estou pregando religião".

 

Corrupção, reformas tributárias e segurança pública ainda foram os temas mais recorrentes durante as discussões.

 

Esse debate, o primeiro dentro do tempo oficial de campanha e após a apresentação de programas de governo, trouxe propostas mais concretas, com números. Por exemplo, Álvaro Dias diz que vai gerar 10 milhões de empregos; Marina Silva promete colocar energia solar em 1,3 milhão de casas e Ciro Gomes repete que vai tirar o nome de 63 milhões de brasileiros da lista do SPC. Boulos afirma que vai suspender a cobrança do Fies por um ano e criar 6 milhões de empregos.

 

De acordo com uma das mediadoras, a jornalista Mariana Godoy, o debate alcançou a marca histórica de maior transmissão multiplataforma do Brasil. Também foi transmitido na página de Facebook da emissora. O debate foi uma parceria entre RedeTV! E revista IstoÉ. O próximo debate será transmitido pela Rádio Jovem Pan no dia 27 de agosto.

 

Após decisão da Justiça, o púlpito reservado a Lula, candidato do PT, foi retirado. "O nono púlpito foi retirado por decisão da maioria das candidaturas. A única objeção foi do candidato do Psol, Guilherme Boulos", disse Boris Casoy.

 

BASTIDORES

 

DEBATE

 

A partir das 20h30min, os primeiros candidatos começaram a chegar ao debate. O primeiro foi Guilherme Boulos, em seguida Álvaro Dias, Ciro Gomes e Marina Silva. Depois chegaram Geraldo Alckmin, Jair Bolsonaro e Cabo Daciolo. O último foi Henrique Meirelles.

 

Somente quatro assessores puderam acompanhar o debate dentro do estúdio principal, junto aos candidatos. Outros convidados e imprensa foram colocados em outros dois estúdios para acompanhar o programa.

 

Antes do início da transmissão, Cabo Daciolo disse que outros postulantes, que participariam do debate, também deveriam estar presos. Ele não largou a Bíblia que segurava desde que chegou aos estúdios da RedeTV!.

 

Boulos voltou a protestar a ausência de Lula no debate. "A cadeira vazia mostra que está sendo cometida uma injustiça", afirmou. Já Bolsonaro atacou o ex-presidente: "aqui tem um púlpito de bandido". Ciro, Marina e Alckmin evitaram falar com a imprensa antes do debate.

 

 

Isabel Filgueiras

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