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Josué Gomes mantém conversas com Alckmin, mas 'centrão' já trabalha plano B

2018-07-25 01:30:00
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Alvo de investidas de três candidatos à Presidência da República, o empresário Josué Gomes (PR) voltou a se encontrar com Geraldo Alckmin (PSDB) na tarde de ontem na capital paulista.

 

Indicado para vice do tucano pelas legendas do “centrão” (DEM, PR, PP, PRB e SD), o mineiro não havia comunicado o partido sobre sua decisão até o fim da noite de ontem.

 

Nessa terça-feira, rumores sugeriam que o empresário tinha se recusado a ocupar o posto na chapa encabeçada por Alckmin, a quem chegou a dizer, durante encontro na última segunda-feira, que ficasse à vontade para substituí-lo na disputa.

Embora integrantes do “centrão” ainda tentem convencê-lo a mudar de ideia, membros do DEM já trabalham com plano B. Por ora, o deputado e ex-ministro da Educação Mendonça Filho (DEM-PE) tem a preferência do tucanato.
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Em entrevista ao O POVO, porém, o deputado federal José Rocha, líder do PR na Câmara, assegurou que as negociações entre Gomes e o ex-governador de São Paulo seguiam indefinidas. “Não há decisão fechada ainda. Ele (Josué Gomes) esteve reunido com o Alckmin e deve decidir algo em breve”, afirmou o parlamentar, sem fixar prazo para o veredito.

 

Aos 54 anos e filiado ao PR desde abril passado, Josué Christiano Gomes da Silva é proprietário da Coteminas, grupo do setor têxtil que detém as empresas Santista, Artex, MMartan e Casa Moysés.

 

Desde que assinou a ficha no partido comandado pelo ex-deputado Valdemar Costa Neto, condenado no mensalão, passou a ser cortejado por três postulantes ao Palácio do Planalto: Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Ciro Gomes (PDT) e Alckmin.

 

Antes no MDB do presidente Michel Temer, Gomes mudou o domicilio partidário apenas na reta final do prazo. A manobra, segundo aliados e correligionários, foi patrocinada por Lula, que pretendia reeditar uma parceria vitoriosa: nas eleições de 2002 e 2006, o petista escolheu para o cargo de vice o empresário José Alencar (1931-2011), pai de Josué.

 

Nas duas eleições vencidas pela dupla, a intenção de Lula era ter franqueado o acesso ao empresariado, reduzindo a desconfiança em torno de seu nome. Outro objetivo do ex-presidente era garantir interlocução com o setor produtivo.

 

De olho na estratégia do petista, Ciro tentou trilhar caminho semelhante, admitindo que gostaria de ter um vice do empresariado ligado ao eixo sul/sudeste. Sem afirmá-lo, o ex-governador do Ceará tinha dois nomes em mente: Benjamin Steinbruch, à frente da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN), e o próprio Gomes.

 

Por vias indiretas, o mineiro de Ubá, cidadezinha de pouco mais de 90 mil habitantes, acabou caindo no ninho tucano. Na quinta-feira da semana passada, o “centrão” apontou-o como candidato a vice. De pronto, o nome do PR foi endossado. Era a chance que Alckmin alimentava de nacionalizar sua campanha.

 

Herdeiro político de Alencar, Josué Gomes tem bons trunfos na manga. Além do capital eleitoral que se associa à boa imagem da dobradinha que o pai estabeleceu com Lula na Presidência, o empresário dispõe de fonte própria de recursos, é baseado em Minas Gerais (segundo maior colégio eleitoral do País) e tem influência no segmento industrial (chefiou sindicato da categoria).

 

No currículo de candidato, figura apenas uma experiência: concorreu ao Senado em 2014 por Minas e perdeu. Ao custo de R$ 6,2 milhões, parte obtida por meio de doações privadas, parte por recursos próprios (o postulante recusou verba do fundo partidário), a chapa de Gomes obteve 3.614.720 de votos (40,18%).

 

Foi derrotado pelo tucano Antônio Anastasia, que hoje disputa o Governo de Minas contra o atual chefe do Executivo Fernando Pimentel (PT), com quem Gomes também vem mantendo conversas.

 

NEGOCIAÇÕES NO ‘CENTRÃO’

 

ALTERNATIVAS

Amigo do presidenciável Geraldo Alckmin (PSDB), o deputado e ex-ministro da Educação Mendonça Filho é visto como um curinga pelo bloco.
O ex-governador de São Paulo sempre quis fazer dobradinha com ele, que também agrega pontos por ser do Nordeste, região onde o tucano enfrenta resistências, mas o DEM, à época, vetava a parceria.

Além de Mendonça Filho, o outro nome cotado para vice é o do ex-ministro Aldo Rebelo, que ficou por 40 anos no PCdoB e hoje está no Solidariedade. Antes de o “centrão” indicar o empresário Josué Gomes - dono da Coteminas e filho do ex-vice-presidente José Alencar, morto em 2011 -, Alckmin chegou a convidar Aldo para o posto. O ex-ministro ainda não retirou sua pré-candidatura ao Palácio do Planalto.

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Com ou sem a chapa pronta, porém, o “centrão” vai anunciar amanhã o apoio oficial à candidatura de Alckmin. Ainda hoje, seus dirigentes vão se reunir para acertar a divisão de tarefas e a coordenação da campanha, além da vice. Com a adesão, o tucano terá, no mínimo, mais quatro minutos no horário eleitoral gratuito.

DESISTÊNCIA

Em nota divulgada ontem, a Executiva do PR disse que não havia, até aquele momento, registro de qualquer decisão por parte de Josué Gomes O movimento, porém, tem sido interpretado como parte da estratégia da legenda para tentar reverter o "não" de Josué. Políticos do PR diziam ontem que "não se pode trocar a noiva antes de consumada a desistência do compromisso".

 

Henrique Araújo

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