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Sem Joaquim Barbosa, PSB se divide entre Ciro e Alckmin

2018-05-09 01:30:00
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A decisão do ex-ministro do Supremo Tribunal Federal Joaquim Barbosa (PSB) por não disputar a Presidência da República amplia incertezas sobre cenário eleitoral deste ano. Aparecendo como quarto colocado na disputa com 8% das intenções de voto na última pesquisa Datafolha, a saída de Barbosa pode mudar direcionamento de eleitores e cria tensão dentro da própria sigla.

 

De um lado, alas do PSB defendem a aproximação com o campo de centro-esquerda e sugere apoio a Ciro Gomes (PDT), enquanto outra tensiona por apoio ao ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin (PSDB), com quem a sigla já mantém aliança estadual.

[SAIBAMAIS] 

O lançamento de outra candidatura é descartada pela legenda, que apostou em Barbosa como nome de fora da política partidária para se tornar competitivo na disputa.

 

Ontem, ao comentar a decisão do ex-ministro, Alckmin se mostrou disposto a formar aliança com o partido. “Se dependesse de mim, nós já estávamos com o PSB. Agora, temos que respeitar. É outro partido, tem lógica própria. Vamos aguardar”, afirmou.

 

O atual governador de São Paulo, Márcio França (PSB), que formou chapa estadual com o tucano, também sugeriu ontem a possibilidade de aproximação com o PSDB, após a saída de Barbosa. “(Barbosa) Pode compor uma chapa com vice, quem sabe do Alckmin”, sugeriu. Também cresce no partido o interesse de apoiar candidaturas no centro-esquerda.

 

“Apoiar a candidatura do Alckmin não se enquadra mais”, disse o deputado federal Danilo Cabral (PSB-PE) ao O POVO. Ele defende que o partido tem se mostrado inclinado a apoiar candidaturas mais à esquerda desde o último congresso, em março. “O partido pode cumprir papel importante nesse campo de unificação. Definimos ficar em uma linha de oposição ao atual governo”, afirmou Cabral.

 

O pensamento é partilhado pelo presidente do PSB no Ceará, Odorico Monteiro. Ele disse ontem que o sentimento da sigla é “mais do que nunca pró-Ciro Gomes”. “Não existe essa aproximação com Alckmin, que inclusive se mostrou mais próximo do atual governo. O Ciro já esteve com o PSB, foi do partido”, disse. Para ele, a sigla foi clara no último congresso ao “priorizar compor no centro-esquerda”.

 

O presidente do PDT, Carlos Luppi, está disposto a fortalecer a ofensiva por aliança. Vamos aumentar essas conversas que, aliás, nunca paramos. Agora elas ganham outro patamar, porque agora é real a chance de aliança”, disse Lupi.

 

Ao O POVO, o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, disse que o cenário permanece indefinido e não descartou aliança com partidos fora do centro-esquerda. “Vamos ouvir todos os partidos que nos procurarem”, afirmou. “A decisão era em primeiro lugar por candidatura própria. Em segundo, por fazer coligação com partido com maiores aproximações com o PSB. É por aí que vamos”, disse.

Com agências

 

OS PLANOS DO PSB

Ao informar ao partido que não sairia candidato, Barbosa justificou dizendo que era uma decisão “estritamente pessoal”. Mesmo filiado, o PSB descarta a possibilidade de o ex-ministro disputar outro cargo.

 

Após a decisão, a bancada do PSB na Câmara passou a tarde em reunião extraordinária. A discussão era sobre a situação eleitoral após desistência do ex-ministro. Embora a chance de Barbosa não disputar fosse considerada, os parlamentares receberam a notícia com surpresa.

 

Em dez estados, o PSB tem candidatos ao Governo. A prioridade da sigla é eleger governadores e ampliar a bancada federal. A aliança deverá ocorrer com o partido que possa garantir esse feito.

 

Rômulo Costa

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