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PT entre Lula e Ciro

2018-05-09 01:30:00


O PT tem uma escolha de Sofia pela frente: pensar estrategicamente as eleições deste ano, escolhendo um candidato que substitua Lula a tempo de influir nas articulações partidárias. Ou se entrincheirar de vez na defesa do ex-presidente, preso hoje em Curitiba depois de se entregar à PF há pouco mais de um mês. Dificilmente a sigla conseguirá executar essas duas tarefas ao mesmo tempo. É esse o seu dilema. E aqui entra o papel desempenhado pela candidatura de Ciro Gomes (PDT) e sua controversa relação com o partido. Ex-governador do Ceará e ex-ministro, Ciro já deu mostras claras de que não pretende levar para a campanha qualquer bandeira ligada à Lava Jato e ao ex-presidente - de pronto rechaçou a hipótese de indulto a Lula caso seja eleito, por exemplo. Quando do discurso do petista antes da prisão, em São Bernardo do Campo, presidenciáveis de esquerda subiram ao palanque. Ciro não era um deles. Bem posicionado nas pesquisas e com potencial de crescimento elevado depois do abandono de campo do ex-ministro do Supremo Joaquim Barbosa, o cearense vem se notabilizando sobretudo por sua interlocução com agentes do mercado e capacidade de diálogo com legendas de centro, o que o faz calcular riscos futuros. Principal herdeiro dos votos lulistas segundo o Datafolha, o pedetista tem boas chances de chegar ao 2º turno, caso não se sabote ou aplique um pescotapa em si mesmo. A preço de hoje, a maré parece ter virado para Ciro, que pode se dar ao luxo de esperar que um PT cada vez mais acossado pelo tempo escasso e a falta de opções internas viáveis decida sobre o próprio futuro.

 

HENRIQUE ARAÚJO

henriquearaujo@opovo.com.br

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