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Temer fala em 'perseguição' e PF pede 'serenidade' a presidente

2018-04-28 01:30:00

 

O presidente Michel Temer chamou ontem de “perseguição criminosa disfarçada” a investigação da Polícia Federal que apura supostas irregularidades no Decreto dos Portos. Ato contínuo, o ministro da Defesa, Raul Jungmann pediu abertura de investigação sobre supostos vazamentos de trechos do inquérito sobre o caso. Em resposta, a Associação Nacional dos Delegados de Polícia Federal (ADPF) rebateu pedindo “serenidade” ao presidente.

 

Em pronunciamento convocado de última hora no Palácio do Planalto, minutos antes da cerimônia de recepção ao presidente do Chile, Sebastián Piñera, Temer não disfarçou a irritação ao falar da investigação. “Só um irresponsável mal intencionado teria a intenção de colocar a minha família e meu filho de 9 anos como lavadores de dinheiro”, disse Temer. Por várias vezes, deu pequenos socos no púlpito de onde falava. “Em que mundo estamos? É incrível, é revoltante, é um disparate!”, reclamou.

 

A irritação de Temer referia-se à reportagem publicada na quinta-feira, 26, pelo jornal Folha de S. Paulo — que revela que a investigação da PF sugere que o presidente tenha ocultado bens “lavando” dinheiro de propina por meio de reformas em imóveis de parentes e transações imobiliárias em nome de terceiros. A filha do presidente, Maristela Temer, foi intimada a depor no próximo dia 2 no âmbito desta investigação.

 

Após reclamar sobre os vazamentos, Temer disse que não iria renunciar. “Se pensam ilusoriamente que vão me derrubar, não irão conseguir. O ataque é de natureza moral. Se pensam que atacarão minha honra e ficarão impunes, não ficarão sem resposta”, completou.

À tarde, o ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, determinou que a Polícia Federal abra investigação para apurar vazamento de informações sobre o inquérito, como havia anunciado Temer.

Em nota, Jungmann afirmou que no Estado democrático de direito "não é admissível comprometer o legítimo direito de defesa e a presunção de inocência de qualquer cidadão ou do Senhor Presidente da República". "A violação do sigilo profissional pelos responsáveis pela condução dessa ou de qualquer outra investigação é conduta passível de sanção administrativo-disciplinar, cível e penal", escreveu.

 

O embate acirrou o clima com a corporação. Logo após Jungmann divulgar a solicitação de apuração do vazamento, a PF soltou nota para informar que já havia instaurado o inquérito para apurar a origem do vazamento. E, em reação às declarações do presidente, delegados e peritos federais divulgaram nota na qual pedem “serenidade”.

 

“É muito comum que investigados e suas defesas busquem, por todos os meios, contraditar as investigações”, afirma o texto. “Entretanto, é necessário serenidade, sobretudo daquele que ocupa o comando do País, para que suas manifestações não se transformem em potenciais ameaças e venham a exercer pressão indevida sobre a Polícia Federal”, diz a entidade, reiterando que a PF “não protege, nem persegue qualquer pessoa ou autoridade pública”.

Agência Estado

 

DEFESA

“Não tenho casa de praia, não tenho casa de campo, não tenho apartamento em Miami, não tenho vencimentos e salários a não ser aqueles dentro da lei”, afirmou Temer, defendendo-se das acusações.

 

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