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Marielle foi morta com munição roubada da PF, diz Jungmann

2018-03-17 01:30:00
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O ministro extraordinário da Segurança Pública, Raul Jungmann, confirmou que as munições utilizadas no assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol-RJ), na última quarta-feira, 14, foram roubadas de um carregamento da Polícia Federal. Segundo o ministro, informações que chegaram a ele dão conta de que a munição foi subtraída da sede dos Correios na Paraíba “anos atrás”.

 

“A Polícia Federal já abriu mais de 50 inquéritos por conta dessa munição desviada. Então acredito que essas cápsulas encontradas na cena do crime foram efetivamente roubadas. Também tem a ver com a chacina de Osasco, já se sabe”, disse, referindo-se à morte de 17 pessoas pela Polícia Militar de São Paulo, ocorrida em 2015.

 

De acordo com Jungmann, o carregamento das balas foi dividido em três partes: uma parte ficou em Brasília, a segunda foi roubada dos Correios no estado nordestino e outra, segundo informações preliminares, teria sido desviada por um escrivão da Superintendência da PF no Rio de Janeiro.

O ministro disse que a corporação destacou “o melhor especialista em impressões digitais e DNA” para avaliar o material das cápsulas encontradas no local onde Marielle e o motorista do carro em que ela estava foram mortos.

 

Sem adiantar detalhes das investigações, ele informou que, além da colaboração da PF na identificação de quem manuseou as munições, o restante do inquérito sobre o crime está sendo conduzido pela Polícia Civil do Rio de Janeiro.

 

Ao ser perguntado se o crime pode abalar a intervenção federal, Jungmann respondeu: “Se esse crime, e isso é uma hipótese, foi cometido no sentido de confrontar a intervenção, é preciso dizer duas coisas: se isso está acontecendo é porque intervenção está no caminho certo. A intervenção está levando exatamente o crime a reagir contra o que vem dando certo, que está sendo feito e vai continuar sendo feito. Em segundo lugar, isso não nos abala. É uma tragédia que nós gostaríamos que nunca acontecesse, mas isso só nos dá mais força e determinação para prosseguir adiante”, afirmou.

 

A chancelaria brasileira enviou a todas suas embaixadas do mundo instruções para que os diplomatas do Itamaraty entrem em contato com autoridades locais e com formadores de opinião para “expor de maneira mais ampla possível as medidas tomadas pelo governo para esclarecer o assassinato.

 

Horas depois do anúncio da morte da ativista, grupos, entidades e partidos políticos no Exterior passaram a condenar a violência no Brasil. No Parlamento Europeu, uma coalizão de partidos de esquerda composta por 52 deputados enviou uma carta para a chefe da diplomacia do bloco pedindo a suspensão das negociações entre Mercosul e Europa até que o Brasil desse respostas sobre a proteção a defensores de direitos humanos.

Com agências

 

CHACINA EM SP

As munições utilizadas na ação criminosa da última quarta-feira pertencem ao mesmo lote das balas usadas no caso que terminou com 17 mortos e sete feridos na Grande São Paulo em 2015. As munições foram encontradas nas diferentes cenas dos assassinatos em Osasco e Barueri naquele ano.

 

MUNIÇÕES

 

INVESTIGAÇÃO E PROTEÇÃO

 

INQUÉRITO

A Polícia Federal instaurou inquérito para apurar a origem das munições e as circunstâncias envolvendo as cápsulas encontradas no local onde a vereadora Marielle Franco (Psol-RJ) e o motorista Anderson Pedro Gomes foram assassinados. Informação foi divulgada ontem.

 

FAMÍLIA DA VEREADORA

Os parentes de Marielle Franco poderão ter segurança profissional pelo menos até o fim da investigação. “A assessoria dela (Marielle) está vendo isso”, disse a irmã da vereadora, a professora de Inglês Anielle, de 33 anos.

 

PROTEÇÃO

“Acredito que vamos ter, mas não fomos ainda comunicadas oficialmente”, disse. Mas ela contou que a família não está se sentindo ameaçada. “Porque não temos resposta de nada ainda; até para saber se devemos ou não ficar com medo”, afirmou Anielle.

 

Gabrielle Zaranza

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