O que significa a recusa de Huck para as eleições 2018
A nova recusa de Luciano Huck a entrar na disputa pela Presidência difere da primeira num ponto: antes, Lula ainda não era carta fora do baralho. Não que o petista tenha se tornado totalmente com a decisão do TRF-4 no dia 24 de janeiro, mas suas chances se reduziram a quase zero.
Nesse mesmo movimento, Huck cresceu, a ponto de se converter mais uma vez na possibilidade de um nome alternativo à polarização entre o ex-presidente e Jair Bolsonaro.
Cortejado por FHC às vésperas do Carnaval (“Huck tem o estilo do PSDB”) e alvo das piscadelas apaixonadas de partidos como o PPS e o DEM, o apresentador de TV esquivou-se.
Oficialmente, declarou que ainda não é a hora. Extraoficialmente, porém, pesaram as primeiras suspeitas sobre empréstimos no BNDES para compra de uma aeronave, denunciadas por sites jornalísticos.
A emissora carioca, então, pressionou o marido de Angélica a decidir: ou o Projac ou o Planalto. Huck escolheu o primeiro. Ao menos por enquanto. Afinal, não custa lembrar, o cara do Caldeirão já havia declinado do convite para entrar na corrida eleitoral em artigo publicado na Folha no qual se comparava ao mítico herói Ulisses, de Odisseia.
Na ocasião, o pai do Benício, da Eva e do Joaquim disse que se manteria surdo ao canto das sereias da política. Enquanto ele conseguir honrar essa promessa, Geraldo Alckmin (PSDB) e Rodrigo Maia (DEM) agradecem. As chances de ambos de chegarem à Presidência dependem disso.
Com Lula praticamente inviabilizado pela Justiça Eleitoral e Bolsonaro entrincheirado num discurso conservador, a tendência é de que as forças de mercado e da centro-direita se agrupem em torno de um nome que não represente sobressalto, tampouco ruptura com o legado reformista de Temer. Pode sobrar pro Alckmin. Ou, não duvidem, para o próprio presidente.
HENRIQUE ARAÚJO
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Gabrielle Zaranza