"Colocar privatização da Petrobras é querer levar bala", diz FHC
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"Colocar privatização da Petrobras é querer levar bala", diz FHC

2018-02-28 01:30:00


A operação Lava Jato e as demais investigações que se debruçam sobre a corrupção que se instalou entre o poder público e o privado no Brasil devem favorecer a criação de um ambiente mais favorável às privatizações e concessões no País, afirmou o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo ele, no entanto, os políticos ainda precisam melhorar a mensagem a ser transmitida para a população nesse sentido, uma vez que o brasileiro médio é avesso ao tema.

 

“Colocar (hoje) a privatização da Petrobras é querer levar bala, todos são contra”, disse FHC, ressaltando, contudo, que existem setores da estatal petrolífera que podem ser vendidos à iniciativa privada. Segundo ele, é necessário evitar que as agências reguladoras, que fiscalizam as concessões e privatizações do governo, sejam capturadas, seja por interesses políticos, seja das empresas ou mesmo dos sindicatos. “Quando não tem regulação, faz-se uma coisa selvagem”, disse.

 

A fala de FHC faz eco com a do governador de São Paulo e pré-candidato tucano à Presidência, Geraldo Alckmin, que no início do mês defendeu em evento do setor de construção civil que “muitos setores da Petrobras devem ser privatizados”. Na semana passada, o tucano disse ser favorável às privatizações de estatais brasileiras, desde que o processo seja amplamente fiscalizado e embasado por um marco regulatório robusto.

 

FHC não quis opinar sobre a necessidade de uma intervenção federal no Rio de Janeiro, mas avaliou que é um expediente tradicional dos governos na América Latina recorrerem aos militares quando sentem que sua autoridade está vacilante. “Governos, sobretudo quando não são fortes, apelam para os militares, que têm estrutura com hierarquia”. disse.

Ele declarou que foi pressionado diversas vezes durante seus oito anos de mandato a autorizar uma intervenção federal na segurança pública dos Estados, mas que resistiu à possibilidade justamente porque a medida impede a aprovação de emendas constitucionais.

Para FHC, o enfrentamento do tema passa pelo combate à corrupção nas forças policiais e também por medidas que possam integrar as polícias militar e civil. Ele defendeu ainda uma nova forma de enfrentar a questão das drogas no País. “Como venho dizendo há muito tempo, temos que combater o tráfico de drogas de maneira diferente, não apenas de forma repressiva”, disse.
A respeito das eleições, o ex-presidente afirmou que o candidato que for carimbado como o “candidato do mercado” nas eleições presidenciais vai perder o pleito. “Isso simboliza como se fosse algo dos ricos, o País não é composto só dos ricos e do mercado”, disse. E defendeu um polo aglutinador “democrata, com sentimento popular, e progressista, que entenda o mundo” no centro da política brasileira. Para ele, a abrangência de nomes de centro para as eleições presidenciais está “se afunilando”.

Com Agência Estado

 

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