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Aliados tentam reunir Alckmin e Temer

2018-02-05 01:30:00
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Amigos em comum do presidente Michel Temer (MDB) e do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), querem promover um encontro entre os dois para verificar se é possível algum acerto do MDB com o PSDB na campanha eleitoral. Aliados do Palácio do Planalto estão preocupados com o mau desempenho das candidaturas de centro e têm cada vez mais receio do lançamento de outsiders na política, como o apresentador de TV Luciano Huck.
 

O Planalto se surpreendeu com a estagnação de Alckmin na pesquisa do Datafolha, feita após condenação em segunda instância do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Pré-candidato do PSDB à Presidência, Alckmin tem de 6% a 11% das preferências nas pesquisas de intenção de voto.

O problema é que a expectativa de crescimento de outros postulantes de partidos da base aliada, como o ministro da Fazenda, Henrique Meirelles (PSD), e o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), continua muito baixa. Além disso, a persistente impopularidade de Temer dificulta o seu desejo de concorrer a um novo mandato.

Pesquisas que chegaram ao Planalto associam a fragilidade de Alckmin até mesmo aos escândalos protagonizados pelo senador Aécio Neves, ex-presidente do PSDB. O governador paulista também é alvo de investigações.
 

No Palácio dos Bandeirantes, porém, auxiliares de Alckmin dizem que a aliança do PSDB com o MDB de Temer foi tóxica para o tucano e está contaminando sua campanha.
 

Alckmin tenta agora fisgar partidos que estão na coalizão governista, como o DEM. O plano é ter um vice do DEM, como o ministro da Educação, Mendonça Filho, e apoiar a reeleição de Maia ao comando da Câmara, em 2019. O pacote incluiria a adesão do PSDB a palanques do DEM em outros estados, como Rio e Bahia.
 

De olho nesses movimentos, interlocutores de Temer procuram reaproximá-lo de Alckmin. Recorrem até mesmo ao argumento de que, enquanto os dois se estranham, Luciano Huck vai ganhando espaço e tende a entrar na disputa, roubando votos dos candidatos de centro. Para correligionários do presidente, mesmo que não haja aliança nacional entre PSDB e MDB, os dois partidos podem firmar composições regionais e até um pacto de não agressão.
 

“O Geraldo e o Michel precisam conversar e eu sou um dos que estão tentando organizar esse encontro”, afirmou o deputado Beto Mansur (PRB-SP), vice-líder do governo na Câmara. “Depois daquela estranheza que houve na questão das denúncias, é bom aparar as arestas”, emendou.
 

Mansur se referia ao fato de Alckmin não ter ajudado Temer a conquistar votos da bancada do PSDB para derrubar as duas denúncias contra ele na Câmara pela Procuradoria-Geral da República, ano passado. “Ficou um mal-estar”, resumiu o deputado. O distanciamento aumentou com a saída do PSDB da base.
 

Defensor da unidade do centro político, o chanceler Aloysio Nunes Ferreira - único ministro tucano que permaneceu na equipe após o desembarque do partido - procura reconstruir as pontes. “O caminho do PSDB está traçado, não importa quem entre ou saia. Seguiremos em frente, com a certeza de que iremos para o segundo turno”, afirmou o deputado Sílvio Torres (PSDB-SP), tesoureiro da legenda e amigo de Alckmin.


O ministro-chefe da Secretaria de Governo, Carlos Marun, disse que o Executivo trabalha para que partidos aliados caminhem juntos na eleição. Admitiu, porém, as dificuldades. Para ele, se Temer não quiser entrar na briga por um novo mandato, o aval a Alckmin não está descartado. “Mesmo o PSDB não sendo organicamente da base, tem um discurso reformista”, insistiu o ministro.
 

Marun disse, no entanto, que todas essas articulações passam pela aprovação da reforma da Previdência na Câmara. O Planalto espera o respaldo dos tucanos na votação, que deve ocorrer neste mês, caso a proposta não seja retirada da pauta por falta de apoio. “No nosso cronograma político, Previdência vem antes de Presidência”, comentou Marun. 

 

(Agência Estado)

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