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Com condenação, Ibovespa sobe 3,72% e dólar cai a R$ 3,17

2018-01-25 00:30:00
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Diante do desfecho esperado de confirmação da condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em segunda instância, o Ibovespa bateu recorde de um ano no fechamento de ontem, aos 83.680 pontos e valorização de 3,72%. O giro financeiro foi forte, de R$ 15,7 bilhões. Já dólar à vista respondeu com queda, fechando na casa dos R$ 3,17, no menor patamar em mais de três meses, depois de ter alcançado os R$ 3,15 durante a sessão. No mercado futuro, a cada voto contra Lula (ver horário nas tabelas), a moeda americana se desvalorizava e fechou, para fevereiro, a R$ 3,15, em queda de quase 3%.


Durante o pregão, as ações ligadas ao Governo, de empresas estatais como Petrobras, Eletrobras e Banco do Brasil, estiveram entre as maiores valorizações do índice à vista, entre 6% e 7% e os papéis apresentaram as maiores cotações dos últimos anos.


Mário Mariante, estrategista-chefe para renda variável Planner Corretora Valores, ressalta que a força desses papéis no pregão de ontem refletiu em parte o sentimento de que estão cada vez mais remotas as chances de Lula voltar a ocupar a Presidência da República.


“Há sempre o receio de que a volta do PT traga novamente o uso das empresas estatais federais pelo Governo”, disse, lembrando que a Petrobras tem de vender ativos para reduzir sua dívida e há trabalho de reconstrução da empresa após o impacto da Lava Jato.


Neste momento, o que está importando para o mercado é Lula não ser candidato, o que ele anunciou ainda ontem. “Ainda não se precificou as consequências disso, do ponto de vista da corrida eleitoral”, disse Pedro Paulo Silveira, economista-chefe Nova Futura CTVM.


O economista Alexandre Espirito Santo, da Órama, não vê o julgamento como algo definitivo para o médio prazo, quando o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) for instado a se manifestar. Nesse contexto, diz, os mercados seguem favorecidos pelo ambiente internacional, com 22 dias consecutivos de entrada de dinheiro de investidores não-residentes na bolsa, o que contribui para que o giro financeiro seja algo excepcional para janeiro.


Em relação ao dólar, o julgamento contribuiu para a forte apreciação do real e a queda generalizada da divisa americana no Exterior. O dólar à vista terminou em baixa de 1,93%, a R$ 3,1734. É o menor valor de fechamento desde 18 de outubro de 2017, quando ficou em R$ 3,1679. O giro foi de US$ 1,349 bilhão.


Na mínima, a moeda chegou a R$ 3,1524 (-2,58%) e, na máxima, o dólar caiu a R$ 3,2316 (-0,13%). No mercado futuro, a divisa norte-americana para fevereiro encerrou em queda de 2,81%, a R$ 3,15.


“O cenário externo também contribuiu para o otimismo doméstico, uma vez que as commodities subiram”, comentou Leandro Ruschel, sócio-fundador do Grupo L&S. A moeda americana recuava ante moedas fortes e emergentes.


Já as taxas de juros futuros fecharam a sessão regular em queda firme, nas mínimas, refletindo a expectativa de que os votos dos três desembargadores da 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 4ª Região, que estavam julgando o recurso do ex-presidente da República, no momento em que a Bolsa de Valores brasileira operava, confirmassem a sua condenação em primeira instância. Mas o Exterior também ajudou em função da queda generalizada do dólar.


A taxa do contrato de Depósito Interfinanceiro (DI), negociado exclusivamente entre instituições financeiras, para janeiro de 2019, encerrou na mínima de 6,83%, de 6,9% no ajuste anterior, e a do janeiro de 2020 fechou também na mínima, de 7,99%, de 8,11% no ajuste de terça. A taxa do DI para janeiro de 2021 caiu de 8,99% para 8,84% (mínima) e a do DI para janeiro de 2023 recuou de 9,78% para 9,62%.


A expectativa em torno do julgamento conduziu os negócios desde a abertura, com as taxas tendo acelerado a queda e batido mínimas no período da tarde, na medida em que foi crescendo a aposta na confirmação da condenação.


Sobre o dia do mercado no Brasil, o presidente Michel Temer (MDB) proferiu: “dia normal”, mesmo diante do julgamento do ex-presidente. Ele estava ontem no Fórum Econômico Mundial, em Davos, Suíça. Temer ainda acrescentou que a não esperava turbulências por conta de uma “eventual condenação”.


“Não acredito”, disse o presidente, sobre a possibilidade de uma instabilidade. Em seu discurso, diante de empresários em Davos, o emedebista ainda voltou a indicar que as instituições no Brasil se beneficiam de autonomia.

com Agência Estado

 

 

 

DISCURSO DE TEMER EM DAVOS

Em discurso, em Davos, Temer não deixou de atacar governos passados, alertando para o populismo econômico

Gabrielle Zaranza

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