A caravana de Michel Temer pelos programas mais populares da TV brasileira tem uma intenção não expressa: caso alcance uma eventual melhora nas pesquisas, apresentar-se como alternativa para as eleições. Ora, o presidente sabe que, a preço de hoje, talvez não tivesse o voto sequer de Marcela, sua esposa. Ocorre, porém, que o governo não encontrou até agora um candidato natural - Geraldo Alckmin poderia ser esse nome, mas o tucanato de São Paulo tem se afastado do Planalto. Rodrigo Maia, do DEM, até deseja galvanizar esse apoio, mas precisaria se entender com Henrique Meirelles. Com Lula cada vez mais longe das urnas, o cálculo de Temer é pragmático: ele mesmo pode se escalar para defender o seu legado reformista. Para convencer o eleitor, no entanto, o emedebista terá de fazer bem mais do que bater papo com Ratinho e Sílvio Santos.

 

HENRIQUE ARAÚJO
Editor do O POVO