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Henrique Araújo: A Justiça espia

2017-12-13 01:30:00

 
A rigor, a decisão do TRF-4 não deveria causar estranheza. Afinal, o ritmo da Justiça no País é razão de queixa de dez entre dez brasileiros, notadamente quando envolve políticos graúdos e com foro especial.

Não é o caso de Lula. Julgado e condenado na primeira instância, o ex-presidente apela agora para tentar reverter a sentença proferida pelo juiz Sergio Moro no caso triplex, de modo a garantir seu direito de disputar novamente as eleições. Ocorre que o processo, cujo desfecho era previsto para abril ou maio, surpreendeu até os anti-petistas mais otimistas, que terão a oportunidade de ver o ex-presidente preso ainda em janeiro próximo, caso um dos desembargadores da Corte sediada em Porto Alegre não peça vista. Tamanha presteza, porém, parece fornecer apenas mais combustível para um dos principais argumentos da defesa de Lula, o de que o hoje pré-candidato do PT é alvo de uma “guerra jurídica”. Por um motivo: com andamento acima do normal mesmo para os padrões de celeridade da Lava Jato, a fixação da data do julgamento para 24 de janeiro se segue a uma rodada de pesquisas de intenção de voto nas quais o ex-presidente não apenas aparece em primeiro lugar, como amplia a distância em relação aos demais candidatos. Até que ponto esse ambiente político influencia o humor dos julgadores? É uma pergunta que o próprio TRF-4 e a Lava Jato ainda precisam responder. A julgar pelo caso de Lula, a sensação é de que a Justiça não está totalmente vendada - mantém um olho
que espia 2018.  

 

Henrique Araújo, editor-adjunto de Conjuntura 

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