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Dois ministros do governo Michel Temer são citados em novo vazamento internacional de dados do escritório de advocacia Appleby, especializado em empresas offshores. Além de Henrique Meirelles (Fazenda), o vazamento menciona também uma empresa que teria relação com o ministro da Agricultura, Blairo Maggi.
 

Meirelles e Maggi possuem ambos o direito de manter empresas offshores no exterior, mas a lei brasileira obriga que esses recursos sejam declarados à Receita Federal. O novo vazamento foi batizado na imprensa internacional de “Paradise Papers”, e envolve também figuras centrais do governo Donald Trump.
 

Os dados foram apresentados anonimamente ao jornal alemão Süddeutsche Zeitung, de Munique, e compartilhados através do Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos. No Brasil, dados foram divulgados pelo jornalista Fernando Rodrigues, do Poder360.
 

Apesar de legais, manutenção de offshores levanta suspeitas na Justiça brasileira, uma vez que este tipo de empresa pode ser utilizada também para cometer crimes, como sonegação de impostos ou evasão de divisas.
 

No ano passado, por exemplo, o ex-presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), foi condenado na Lava Jato em meio a irregularidades em três trusts que o ex-deputado mantinha na Suíça.
O peemedebista também foi cassado por omitir, em depoimento na CPI da Petrobras em março de 2015, a existência dos trusts no país. O ex-deputado, que nega até hoje quaisquer irregularidades, destaca que havia dito apenas que não tinha “contas” na Suíça.

Bermudas e Cayman
 

Logo após a divulgação dos vazamentos, Meirelles enviou ao Poder360 uma cópia de sua declaração de Imposto de Renda, onde as empresas aparecem declaradas.
 

Uma das offshores registradas por Meirelles nas Bermudas é batizada “The Sabedoria Trust”, que teria sido montada, segundo documentos do vazamento, “especificamente para propósitos de caridade”.
 

Segundo o vazamento, o contrato do trust foi registrado em 2002, a partir de uma doação de US$ 10 mil feita por MeirellesEm nota, o ministro disse que o trust foi criado para, no caso de sua morte, parte de seus bens possa ser doado a entidades da área de educação.

Já Blairo Maggi aparece, junto com familiares, nos registros da Appleby como diretor da “Ammagi & LD Commodities SA”. A offshore tem o mesmo nome de uma empresa registrada no Brasil, que tem a família do ministro como sócia.
 

Em nota, Blairo Maggi negou ao Poder360 ter cometido qualquer tipo de irregularidade, e destaca que não recebe pagamentos da empresa em Ilhas Cayman, mas sim de grupos instalados no Brasil.  

 

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