O senador Tasso Jereissati oficializou candidatura à presidência nacional do PSDB na manhã de ontem, em Brasília, com discurso rígido de defesa da ética e da transparência na sigla. Entre suas propostas, ele quer criar um novo código de ética e estatuto tucano, além de um programa de compliance, uma espécie de auditoria para acompanhar e fiscalizar a legalidade dos atos dos filiados, iniciativa que ele diz ser “inédita”.

O cearense disputará a vaga com o governador de Goiás Marconi Perillo, apoiado por ala ligada ao senador Aécio Neves, que está licenciado do comando desde março, após divulgação de áudio em que aparece pedindo R$ 2 milhões ao empresário Joesley Batista. Em reunião na última terça, 7, Perillo tentou dissuadi-lo de concorrer, sem sucesso. Enquanto parlamentares tucanos reclamam que disputa acentua racha do partido, discurso de Tasso foi na linha contrária.

“Tenho um enorme respeito pelo senador Marconi Perillo, ele é um grande governador, com todas as condições de ser presidente de qualquer partido. (...) Estamos partindo para a convergência, mas é necessário fazer um debate”, diz. Ele também disse que racha é “sinal de vida no partido”.

Fazendo referência à propaganda do PSDB que falava em autocrítica, que foi ao ar em agosto na televisão e no rádio, o cearense disse que era isso que eles estavam fazendo na disputa. “Debate é autocrítica”.

Disputa

Tasso afirmou, ainda, que sua candidatura não é “para rachar e unir, mas para unir o povo”. “Não adianta nós ficarmos unidos aqui e distantes do povo”, concluiu. Fala pode ser interpretada com uma crítica à ala de Perillo, que argumenta que ele é o melhor candidato para unificar o PSDB.

 

Um dos defensores dessa tese é o deputado federal Marcus Pestana (MG), que, embora pondere que “os dois lados são experientes, têm história no PSDB”, a atuação do cearense em meio à crise tucana o torna menos capaz de trazer a unidade interna.

“Houve uma polarização muito forte, e o senador Tasso como presidente interino assumiu o papel de liderar uma ala, isso criou um ambiente em que precisamos de alguém que una todas as correntes, e o Marconi tem habilidade para isso e diálogo com todos”, finalizou.

Já para o lado de Tasso, favorece o fato de ele ser o candidato da “renovação”, apoiado pelos cabeças-pretas, grupo mais jovem do partido, contrário à aliança com o governo de Michel Temer (PMDB).

O deputado federal, também mineiro, Eduardo Barbosa acredita que o cearense tem mais força na sigla para chegar ao comando, mas evitou falar muito por acreditar que não haverá disputa. “Acho que o Tasso será consenso”.

Embora licenciado, força de Aécio pode ser determinante na eleição do novo comando, marcada para acontecer no congresso do partido, dia 9 de dezembro, em Brasília. O senador mineiro ainda é o grande sustentáculo do partido no governo de Temer.

 

Saiba mais

Convenção estadual do PSDB vai trocar comando no Ceará. Evento acontece amanhã, a partir das 9 horas, na Câmara Municipal de Fortaleza. Confira chapa única completa:

Presidente: Francini Guedes, ex-prefeito de Jaguaribara;

1° vice: médico Carlos Roberto Martins;

2° vice: empresário Geraldo Luciano;

Secretário-Geral: João Barroso, prefeito Itapipoca;

1ª secretária: Emília Pessoa, vereadora de Caucaia

Tesoureira: Kamyla Castro, ex-presidente da Juventude do PSDB Nacional