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Aliança com partidos que apoiaram impeachment divide PT

2017-11-07 01:30:00
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Aliança petista com partidos que apoiaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT) é possibilidade que ganha força com a proximidade das eleições. A brecha, aberta pelo próprio ex-presidente Lula e por lideranças próximas a ele, causou divisão na sigla, que diverge sobre o apoio a “golpistas” ante a necessidade de articular base forte para 2018.


Ontem, a senadora Gleisi Hoffmann, presidente nacional da legenda, lançou nota desmentindo notícias de negociações com “partidos que apoiaram o golpe”. Segundo Gleisi, porém, “a estratégia do PT para as eleições gerais de 2018 será definida democraticamente nas instâncias partidárias” e levará em conta “as diversas realidades políticas regionais”.


Embora reafirme que aliança está sendo construída para eleger Lula e revogar medidas de Michel Temer (PMDB), não nega a possibilidade de acordo com os partidos outrora apelidados de “golpista” ao dizer que assunto será discutido internamente. É o que explica o líder do partido na Câmara dos Deputados, Carlos Zarattini (SP).


“O PT já tem uma posição sobre isso, mas evidentemente que sempre se pode rediscutir”, disse, fazendo referência à tese aprovada no congresso da sigla em julho deste ano, que negou aliança com “golpistas”. Para Zarattini, não haveria problema em se aliar com partidos que se aliaram ao impeachment desde que com políticos que, pessoalmente, foram contra.


O presidente do PT de São Paulo, Luiz Marinho, tem outra posição. Para ele, “o PT deve permitir aliança com partidos que apoiaram o ‘golpe’” para “recuperar as bases” e se reaproximar da população. “A maioria do povo também apoiou o impeachment e nós queremos recuperar a maioria do povo”, diz. Marinho é um dos partidários mais próximos a Lula.


A ala Democracia Socialista do partido, da deputada federal Luizianne Lins, já lançou nota contrária à aliança. “Para a DS, petista não vota em golpista, não apoia governos golpistas e não participa de governos golpistas”, diz.


Aliança local

No Ceará, a aliança sinalizada é entre o governador Camilo Santana (PT) com o presidente do Senado Eunício Oliveira (PMDB), que é pessoalmente próximo de Temer e votou pela saída de Dilma do cargo. Por isso, fala das lideranças locais sobre o assunto tende a ser mais cuidadosa.

 

É o caso do presidente estadual do PT, De Assis Diniz, que afirmou que isso será discutido somente no próximo ano. O deputado federal José Guimarães reforça que esse debate será feito “na hora certa”, mas não nega possibilidade. “A tese de não fazer aliança com golpista está correta, mas o que vai decidir é formar um novo projeto para o País e consolidar o Lula como candidato.

 

Saiba mais


Cientista político, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Paulo Baía acredita que aliança do PT com partidos que apoiaram o impeachment é “é uma estratégia eleitoral visando o sucesso dele e dos outros partidos”.


Para ele, do ponto de vista eleitoral é positivo, mas politicamente não. “É um atentado à política no sentido de que, quem quer clareza ideológica, clareza de programa político, não terá. O que se vê é uma repetição das práticas antigas da política.

 

Letícia Alves

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