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A artilharia de FHC

2017-11-06 01:30:00
Henrique Araújo, editor-adjunto de Conjuntura


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso voltou à carga. Autor da expressão que definiu o que seria o governo Temer, uma “pinguela para o futuro”, FHC pediu novamente o desembarque tucano do Planalto. Reforçou, desse modo, as críticas que o presidente interino da legenda, senador Tasso Jereissati, tem feito desde que assumiu a sigla em substituição ao colega Aécio Neves, com quem trava uma batalha por hegemonia. Tasso é candidato, mas enfrenta a facção pessedebista mais ligada ao senador mineiro, que, mesmo morto politicamente, mantém-se influente e luta dia e noite para se viabilizar candidato à Câmara dos Deputados ano que vem. A guerra contra Tasso, portanto, deve-se sobretudo aos objetivos de Aécio: eleger-se e garantir o foro privilegiado, uma tarefa para cuja realização depende do apoio do PMDB de Michel Temer, responsável por salvar a cabeça do tucano na votação que poderia tê-lo afastado do mandato. É nesse cenário que cai a artilharia de FHC. Grão-tucano, o sociólogo tenta fazer pender a balança para o lado do cearense, cuja gestão rendeu um dos capítulos mais controversos na história recente do PSDB: a peça publicitária que fez mea culpa por apoio ao governo e envolvimento indireto com escaramuças apontadas na Lava Jato. Prestes a liderar um processo de renovação na presidência do próprio partido, abalado com casos de corrupção, Tasso sabe que o futuro da sigla depende de sua capacidade de se descolar de Temer a tempo de se apresentar em 2018 com discurso que não pareça uma fraude eleitoreira. É disso que trata FHC em seu artigo. O temor de ambos, Tasso e Fernando Henrique, é de que esse limite já tenha sido ultrapassado e hoje PSDB e PMDB sejam vistos pelo eleitor como uma coisa só.

Adriano Nogueira

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