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Relator tucano ataca Justiça e PGR em voto pró-Michel Temer

2017-10-11 01:30:00
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O deputado Bonifácio de Andrada (PSDB-MG), relator da segunda denúncia contra o presidente Michel Temer e ministros, recomendou em seu voto a rejeição da acusação formal da Procuradoria-Geral da República. Em um parecer curto e previsível apresentado ontem à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), Bonifácio criticou o Judiciário e atacou o Ministério Público Federal e a Polícia Federal. Com o parecer favorável, os governistas acreditam ter entre 38 e 44 votos dos 66 membros da CCJ, incluindo deputados do PSB e do PSDB.


No documento de 35 páginas, o relator rechaçou a acusação de obstrução da Justiça contra Temer e disse não haver provas que sustentassem a tese de organização criminosa envolvendo o presidente da República e os ministros Moreira Franco (Secretaria-Geral da Presidência) e Eliseu Padilha (Casa Civil).

[SAIBAMAIS]

Bonifácio também considerou que o presidente não poderia ser processado por atos supostamente cometidos antes de assumir o mandato, em maio de 2016. Embora o relatório tenha abordado de forma separada as imputações contra os acusados, o presidente da CCJ, Rodrigo Pacheco (PMDB-MG), rejeitou o desmembramento da denúncia e a votação individualizada. A oposição, contudo, pretende insistir no fatiamento da análise da denúncia na próxima semana, quando a matéria será votada na comissão.


O tucano, que na primeira denúncia votou pelo não prosseguimento da ação de corrupção passiva, acusou a PGR de tentar criminalizar a atividade política. “É inadmissível considerar que um partido político, com atuação ao longo dos anos, e representando parte da sociedade brasileira, constitua uma associação para fins criminais, isto é, como uma organização criminosa.”


Em seu parecer, lido em pouco mais de uma hora, o relator afirmou ainda não encontrar “qualquer espécie de comprovação” de acusações contra os ex-presidentes Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, ambos do PT, bem como outros líderes do PMDB, PP e PT mencionados na denúncia.


‘Mancomunado’

Bonifácio apontou o que chamou de processo de enfraquecimento do Poder Legislativo e o empoderamento de órgãos como o MPF, PF e o Judiciário nos últimos anos. “O Poder Legislativo muito perdeu na sua eficiência institucional com a falta das imunidades parlamentares que existiam no passado brasileiro”, disse.

 

“Essa situação cresceu de tal maneira que o Ministério Público, hoje órgão poderoso no nosso sistema que, aliás, se utiliza e domina a Polícia Federal, mancomunado com o Judiciário, trouxe para o País um desequilíbrio nas relações entre os Poderes da República”, completou.

 

Saiba mais

Defendendo a classe política, Bonifácio criticou o que chamou de "espetacularização" da atuação dos investigadores com o apoio do "noticiário telejornalístico". A PF também foi alvo de ataques. A corporação, para o relator, atua "à mercê do Ministério Público, compactuada com setores do Judiciário, às vezes tomando posições exageradas e mesmo exóticas". "Chega a ponto de fiscalizar a Presidência da República, seus ministros de Estado e outros órgãos de destaque institucional”.

 

Adriano Nogueira

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