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O governo quer o tucano; o PSDB não

2017-10-06 01:30:00

Guálter George, editor-executivo de Conjuntura


A Comissão de Constituição e Justiça é composta por 66 deputados que, imagina-se, apresentam-se aptos a qualquer missão que lhes seja entregue. Por mais espinhosa que seja. Sendo assim, o que pode justificar a insistência com a indicação do mineiro Bonifácio de Andrada, ao ponto de ignorar a posição do seu partido, PSDB, e recorrer a uma falsa indicação dele pelo PSC? Este não é o comportamento de um colegiado que queira respeito à sua postura diante do caso de imenso peso histórico. É, afinal, uma denúncia contra o presidente da República que chega à Casa, o que exigiria mais seriedade de tratamento. O esforço de insistir na escolha do tucano, de posições críticas, claras e definidas contra as delações que dão origem às acusações da Procuradoria-geral da República contra o peemedebista Michel Temer, parecem indicar que prevalecerá mais uma vez apenas o interesse do Palácio do Planalto. A experiência da denúncia anterior, quando frustrou-se a expectativa governista de que tudo aconteceria dentro do roteiro previsto já na indicação de um correligionário de Temer para elaborar relatório, por causa de uma opção técnica de Sérgio Sveiter naquele momento, redobrou a atenção dos articuladores governistas, que agora decidiram não dar qualquer chance ao azar. O que faz crer que o deputado mineiro, muito ligado ao senador Aécio Neves, está disposto a cumprir a missão que lhe for determinada, mesmo que para isso seja necessário deixar que os interesses políticos prevaleçam sobre o rigor técnico. Caminha para ser mais uma chance perdida pelo parlamento brasileiro de se mostrar em sintonia com o que é, neste momento, o sentimento da sociedade.

Adriano Nogueira

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