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O dilema da oposição

2017-10-31 01:30:00

Henrique Araújo, editor-adjunto de Conjuntura

 

A se confirmar, a saída de Tasso Jereissati (PSDB) do cenário de disputa local não representa apenas uma peça a menos no tabuleiro da política cearense, mas um movimento que determina muitos outros. A começar pela oposição, que se vê sem o seu principal nome.


O tucano ainda é a alternativa mais robusta a Camilo Santana (PT), que, mantidas as atuais circunstâncias, tende a se reeleger com uma mão nas costas. Sobretudo se se efetivar o apoio do senador Eunício Oliveira (PMDB), hoje muito mais interessado em garantir a própria sobrevivência - e a guarida do foro privilegiado - do que em articular a oposição no Ceará. Sintomático também que Tasso tenha negado a intenção de disputar o Palácio da Abolição enquanto participava de evento a convite de Camilo, num momento em que o governador colhe frutos (principalmente políticos) da instalação de um hub aéreo em Fortaleza, empreendimento que certamente estampará a publicidade do candidato ano que vem. Se a presença do tucano ao lado do petista faz a oposição desanimar, a recusa de ser ele mesmo o nome a enfrentar Camilo é um banho de água fria nos adversários do atual chefe do Executivo, que agora precisam encontrar rapidamente um candidato. Grosso modo, Tasso cria um problema para o PSDB: se o partido tem pretensões de firmar um palanque para o eventual candidato da sigla à Presidência, cumpre urgentemente desatar esse nó. Dadas as cartas hoje na mesa, não será uma tarefa fácil. Acenando às duas principais lideranças do bloco oposicionista, Camilo vai abrindo uma larga avenida de vantagem para 2018. E não deixa de ser curioso que caiba a um petista essa engenharia suprapartidária, que sempre foi o grande sonho dos Ferreira Gomes. Para o próprio governador, é uma maravilha. Para os eleitores cearenses, nem tanto.

Adriano Nogueira

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