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Gilmar e Barroso trocam duras acusações em votação sobre fim do TCM

2017-10-27 01:30:00

Os ministros Luís Roberto Barroso e Gilmar Mendes, do STF, trocaram duras acusações durante a sessão plenária da Suprema Corte. O que começou com provocações sobre os Estados de origem de ambos terminou com cada um criticando o histórico do outro. O episódio escancarou o antagonismo de ideias entre eles, que frequentemente estão em lados opostos nos julgamentos relacionados aos escândalos de corrupção no País, nos quais a Corte tem se mostrado dividida.


Barroso disse que Gilmar “vai mudando a jurisprudência de acordo com o réu” e que promove não o Estado de Direito, mas um “Estado de Compadrio”. Também afirmou que o colega tem “leniência em relação à criminalidade de colarinho branco” .


Gilmar atribuiu ao colega a pecha de fazer “populismo com prisões”. Gilmar disse que Barroso soltou José Dirceu no mensalão e ironizou o fato de o ministro ter defendido “bandido internacional” - em referência indireta ao caso do italiano Cesare Battisti, de quem Barroso foi advogado antes de integrar a Corte.


A discussão entre os ministros se deu em pleno julgamento sobre a extinção do TCM-CE, quando um falou mal do Estado de origem do outro.


Barroso, que é fluminense, disse a Gilmar, do Mato Grosso, que no Estado do Rio os criminosos são presos, mas “tem gente que solta”. Gilmar Mendes disse que Barroso soltou José Dirceu, citando julgamento no Supremo dos embargos infringentes (um tipo de recurso) no mensalão, e o ministro rebateu. “É mentira. Vossa Excelência não trabalha com a verdade. Gostaria de dizer que José Dirceu foi solto por indulto da presidente da República”, disse Barroso, que em certo ponto citou Chico Buarque ao criticar Gilmar.


“Vossa Excelência está fazendo um comício que não tem nada a ver com a extinção do tribunal de Contas do Ceará, caso em discussão. Vossa Excelência está ocupando tempo do plenário para destilar esse ódio constante, que agora dirige contra o Rio. Vossa excelência deveria ouvir a última música do Chico Buarque: “A raiva é filha do medo e mãe da covardia”. Vossa excelência fica destilando ódio o tempo inteiro, não julga, não fala coisas racionais e articuladas. Sempre fala coisa contra alguém, está sempre com ódio de alguém, está sempre com raiva de alguém. Use o argumento, mérito do argumento”, disse Barroso, sendo em seguida interrompido pela presidente Cármen Lúcia, pedindo aos dois ministros a continuidade do julgamento.

 

Adriano Nogueira

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