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Funaro: Aníbal recebeu R$ 200 mil de Cunha

2017-10-16 01:30:00
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Em um dos depoimentos de sua delação à Procuradoria-Geral da República (PGR), o doleiro Lúcio Funaro acusou o deputado federal Aníbal Gomes (PMDB) de receber propina do então presidente da Câmara dos Deputados em 2016, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), para votar a favor do impeachment de Dilma Rousseff (PT). O cearense teria embolsado R$ 200 mil adiantado, mas não compareceu à votação.


“Tem um caso que é até hilário, mas um dos deputados que ele (Cunha) comprou e pagou antecipado, pelo que ele me disse, foi o Aníbal Gomes. Disse que ele tinha pago pro Aníbal gomes R$ 200 mil, pro Aníbal Gomes votar favorável ao impeachment da Dilma. O que aconteceu: o Aníbal Gomes não veio no dia da votação, faltou, e isso aí era a mesma coisa que votar a favor da Dilma. Aí ele (Cunha) ficou louco”, conta Funaro.

[SAIBAMAIS]

De acordo com Funaro, Cunha teria pedido a ele “algum recurso para comprar algum voto ali favorável ao impeachment”. Em resposta, o operador teria afirmado que poderia repassar até R$ 1 milhão, que seria liquidado “em duas semanas, no máximo”. No depoimento, que está disponível na internet, Funaro diz ainda que Cunha achava que a votação já estava “ganha”, mas “queria garantir de qualquer jeito que ela (Dilma) seria afastada esses 180 dias”.


A compra do voto de Aníbal serviria também a uma “demonstração de força” de Cunha ao então presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), aliado do cearense. “Ele (Cunha) falou: ‘Vou aproximar um cara do Renan para o meu lado, vou tirar o poder do Renan sobre esse cara e aí vou cooptar esse cara pra mim’”, conta.


“Para ele, era importante provar: ‘Tá vendo, até no pessoal do Renan eu tô mandando também’, porque eles tinham uma disputa muito forte, os dois, entendeu? (...) Mas o cara (Aníbal) acabou que deu a volta nele. Não veio para o dia da votação”, continuou.


“Mentira deslavada”


Procurado pelo O POVO, Aníbal disse que as acusações eram “mentira deslavada” e que não conhecia o delator. “Eu nunca vi na minha vida o Funaro, nunca ouvi nem falar desse homem antes da Lava Jato. E o Eduardo (Cunha) nunca me fez proposta nenhuma, eu sempre fui indiferente com ele”, rebateu.


O parlamentar disse que no dia da votação do impeachment na Câmara, 17 de abril do ano passado, ele estava em São Paulo “operado da coluna”. “Acho inclusive que estava na UTI”, explicou. De fato, no dia, o então líder do PMDB, deputado Leonardo Picciani, disse na tribuna da Câmara que Aníbal estava internado por causa de uma “cirurgia delicada na coluna”. Aníbal afirma, ainda, que se estivesse presente, “votaria contra o impeachment”.


Por meio de nota, Cunha, que está preso, também rebateu as acusações. “Se trata de mais uma delação sem provas que visa a corroborar outras delações também sem provas, onde o delator relata fatos que, inclusive, não participou (...). Desminto e desafio a provar as supostas referências sobre terceiros a mim atribuídas, incluindo ao presidente Michel Temer”, diz o texto.

 

Saiba mais


Aníbal Gomes é réu da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF) por corrupção passiva e ativa e lavagem de dinheiro. De acordo com denúncia do Ministério Público Federal (MPF), ele teria recebido vantagem indevida, em 2008, do escritório de advocacia que representava empresas de praticagem para interceder junto ao então diretor de abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, visando à celebração de acordo extrajudicial. 

 

Na última terça-feira, 10, o STF rejeitou nova denúncia contra Aníbal e Renan Calheiros. Eles são acusados de atuar para que a Petrobras contratasse a empreiteira Serveng Civilsan SI. AMbos teriam recebido o valor de R$ 800 mil “maquiado” de doações eleitorais.

 

Nas duas denúncias, o cearense se declara inocente, destaca que ainda recorre na Justiça e afirma que não há provas suficientes para acusá-lo.

 

Frases 

 

 

Ele (Cunha) tinha pago pro Aníbal Gomes R$ 200 mil, pro Aníbal Gomes votar favorável ao impeachment da Dilma. O que aconteceu: o Aníbal Gomes não veio no dia da votação


Lúcio Funaro, doleiro


 

No dia do impeachment da presidente (Dilma), eu estava operado da coluna em São Paulo, eu estava até na UTI. (...) Se eu tivesse votado, eu votaria contra o impeachment


Aníbal Gomes (PMDB), deputado federal

Letícia Alves

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