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A sorte de Temer

2017-10-17 01:30:00

Seja qual for o destino de Michel Temer e Aécio Neves, e tudo indica até aqui que ambos serão bem-sucedidos na estratégia de se manterem nos cargos, a fatia cobrada será cara. Para Aécio, o preço é tornar-se ainda mais tóxico do que já era antes do afastamento determinado pelo STF. Daí a refrega em torno da forma de votação, se fechada ou aberta - quem quer aparecer para as câmeras da TV Senado livrando a pele do parlamentar flagrado em gravação achacando empresário da JBS? O mesmo vale para Michel Temer, que enfrenta uma segunda denúncia aparentemente menos ameaçadora que a primeira. Na Câmara, porém, as movimentações apontam para a maior dificuldade do peemedebista, que não é cabalar votos e garantir o número necessário à rejeição da denúncia apresentada por Rodrigo Janot.

O risco maior para Temer é aplacar o ímpeto de Rodrigo Maia, presidente da Câmara. O político do DEM estará fora do País exatamente quando a denúncia será votada na CCJ. Quando voltar, a comissão já terá decidido se aceita ou não os argumentos de Janot. Não à toa, o presidente resolveu desabafar ontem. Fez isso à moda antiga, numa carta endereçada a aliados na qual se ressente de uma conspiração para apeá-lo do poder. Nessas horas, o velho Marx ainda tem valia quando diz que a história se repete: primeiro como tragédia
e depois como farsa.

 

Henrique Araújo, editor-adjunto de Conjuntura

 

Adriano Nogueira

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