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Gilmar prevê reanálise de delação por Dodge

2017-09-19 01:30:00
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O discurso de posse da procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que ontem, entre outros pontos, pregou “a harmonia entre os Poderes”, agradou a representantes do Judiciário, do Legislativo e do Executivo.

 

Crítico de procedimentos do Ministério Público Federal na Operação Lava Jato e desafeto do antecessor de Raquel no cargo, Rodrigo Janot, o ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), elogiou ontem a fala da nova PGR.

[SAIBAMAIS]

“Ouvi o discurso da procuradora Raquel Dodge e fiquei impressionado. Sua excelência falou que vai dar continuidade ao trabalho de combate à corrupção, mas colocará outros temas também na agenda - a defesa dos direitos humanos, a questão da saúde, dos presos, a questão indígena. E enfatizou muito que as investigações devem ser feitas dentro dos devidos marcos legais. Acho que ela deu uma boa resposta”, comentou Gilmar.


Questionado se Raquel vai rever acordos, o ministro disse que “certamente haverá revisões”. Gilmar é um dos mais duros críticos à delação de executivos do grupo J&F, que têm sido questionados pela defesa do presidente Michel Temer, alvo de segunda denúncia de Janot - pelos crimes de organização criminosa e obstrução da Justiça.


“Certamente a procuradora-geral vai fazer uma reanálise de todos os procedimentos que estão ainda à sua disposição, de maneira natural, para certamente evitar erros e equívocos que estavam se acumulando”, disse.


“Favores”

Para o também ministro do STF Luís Roberto Barroso, Raquel vai seguir a tradição de independência e seriedade à frente do órgão “Eu acho que a doutora Raquel tem uma história de vida e as pessoas, quando chegam nessas posições, vivem para a sua própria biografia. Elas não vivem para prestar favores. E acho que quem é alçado para um cargo desse, é claro que pode ter reconhecimento para autoridade que a nomeou, mas o compromisso é com o País e não com a autoridade.”

Raquel foi escolhida por Temer para o comando da Procuradoria-Geral, quebrando tradição iniciada em 2003 de se dar preferência ao primeiro colocado de uma lista tríplice elaborada pela Associação Nacional dos Procuradores da República (ANPR). Ela ficou em segundo lugar, com 587 votos, atrás do subprocurador Nicolao Dino, aliado de Janot, que encabeçou a lista com 621 votos. Dino pediu a cassação da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer no julgamento no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) neste ano.


Questionado sobre a harmonia entre os poderes, Barroso respondeu: “O STF opera em harmonia com os outros poderes e julga fazendo o que é certo, justo e legítimo”.

Agência Estado

Adriano Nogueira

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