"Foi covardia", afirma Joesley sobre rescisão de acordo de colaboração
O empresário Joesley Batista classificou como “covardia” a rescisão de seu acordo de colaboração premiada determinada na quinta-feira, 14, pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot. A declaração foi dada durante a audiência de custódia realizada ontem, na Justiça Federal de São Paulo, que manteve a prisão preventiva do empresário dono do grupo J&F. Ele e seu irmão Wesley, que também está preso, são alvos da Operação Acerto de Contas, 2.ª fase da Operação Tendão de Aquiles, que investiga se a J&F fez uso de informações privilegiadas para lucrar no mercado financeiro. Ainda ontem, o Tribunal Regional Federal da 3.ª região negou habeas corpus aos dois. A defesa recorreu ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).
“Foi covardia (do procurador-geral da República, Rodrigo Janot) depois de tudo o que fizemos”, disse Joesley. “Estou pagando por ter delatado os donos do poder. Fui mexer com os donos do poder e estou aqui agora”, afirmou o empresário à juíza Tais Ferracini, da 6.ª Vara Criminal de São Paulo.
Na quinta, quando apresentou a segunda denúncia contra o presidente Michel Temer, Janot também notificou o ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, que estava rescindindo o contrato de delação premiada com dos representantes da J&F. A medida ainda precisa ser homologada pelo Supremo.
Desde o último domingo, Joesley e Ricardo Saud, delator e executivo da J&F, estavam presos em Brasília. O empresário deveria passar a noite na sede da Polícia Federal em São Paulo. Já Saud poderá ser transferido para o Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília.
J&F depois da Procuradoria-Geral de República ter acesso a áudios onde Saud e Joesley falam sobre a atuação do ex-procurador da República Marcello Miller na confecção dos acordos de delação dos dois quando ainda era membro da PGR. Os três negam terem cometidos qualquer irregularidade.
Agência Estado
Adriano Nogueira