PUBLICIDADE
VERSÃO IMPRESSA

Daiello fica na PF "o tempo que for necessário", diz ministro

2017-09-16 01:30:00

Em meio a pressões do PMDB para a troca da cúpula da Polícia Federal, o diretor-geral da corporação, Leandro Daiello, aceitou ontem pedido do ministro da Justiça, Torquato Jardim, e permanecerá por mais um período no comando da instituição.


"Fiz o convite e ele aceitou", disse Torquato ao jornal O Estado de S. Paulo. Questionado sobre o prazo de sobrevida de Daiello, o ministro afirmou que ele ficará "o tempo que for necessário" para consolidar o trabalho realizado.


A manutenção de Daiello no cargo ocorre no momento em que o presidente Michel Temer e outros políticos do PMDB - incluindo ministros, senadores e ex-deputados - são alvo da Lava Jato e de ações da PF.


"Pedi para ele ficar porque temos vários projetos em andamento. Precisamos dar continuidade à preparação da nova Política Nacional de Segurança Pública e à modernização da Polícia Federal com mais atuação em tecnologia e internacional. Não me pareceu adequado que o diretor-geral da Polícia Federal se afastasse agora", afirmou Torquato, sem falar de Lava Jato.


Daiello sairá de férias por duas semanas e, depois, retomará suas funções na PF, cargo que ocupa desde janeiro de 2011. O acerto entre ele e Torquato foi feito ontem, em Araxá (MG).


A pressão do PMDB para o ministro substituir o comando da PF aumentou após a ação que resultou na descoberta do "bunker" atribuído ao ex-ministro Geddel Vieira Lima, com R$ 51 milhões. Além disso, o Planalto não escondeu irritação com o "vazamento" de relatório da PF sobre o "quadrilhão" do PMDB. As conclusões do inquérito serviram de base para o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, apresentar nova denúncia contra Temer, por organização criminosa e obstrução da Justiça.


As negociações para a troca de direção na PF estavam sendo feitas entre Torquato e o próprio Daiello desde que o ministro assumiu a pasta, no fim de maio.

 

Adriano Nogueira

TAGS