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A mesma acusação e um peso diferente

2017-09-07 01:30:00

Guálter George, editor-executivo de Conjuntura


É, de longe, o golpe mais duro que o ex-presidente Lula sofre desde quando teve seu nome lançado ao centro do escândalo da Lava Jato, a partir do famoso e contestado power point assinado pela equipe de procuradores de Curitiba liderada pelo jovem Deltan Dalagnol. Contra Palocci, não cabem alguns dos argumentos utilizados pelo petista, e seus aliados, do tipo ‘a motivação é política’, ‘os fundamentos são partidários’ e por ai segue. Confrontar as fortes acusações do ex-ministro e ex-homem de confiança dará mais trabalho à estratégia de defesa, que até tem conseguido lançar dúvidas sobre o processo em parte da sociedade. Há, como demonstra a recente incursão exitosa de Lula pelo Nordeste, quem realmente considere a tese de que a investigação tem avançado apesar da falta de provas e apenas com base em depoimentos vinculados a benefícios de negociadas e premiadas delações. Pois bem, o personagem Palocci exigirá uma outra história. É, afinal, a palavra de alguém de convivência próxima, que gozava de confiança total e que era encarregado das missões mais espinhosas, incluindo aquelas potencialmente capazes de arranhar a legalidade. Este é o dono da voz que, agora, diz que Lula sabia dos acertos ilegais com a Odebrecht, que os chancelou e que tirou proveito financeiro pessoal deles. As provas continuam necessárias, mas, no caso, quem diz dá muito peso ao que é dito.

 

Adriano Nogueira

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