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Uma atividade colaborativa e solitária

2017-08-10 01:30:00

Editar a capa é uma das experiências mais desafiadoras para o jornalista de Redação. É das atividades mais colaborativas e mais solitárias. Colaborativa, pois o editor da Primeira Página reúne as pautas importantes do dia, discute com os editores o que interessa estar na Capa, soluciona dúvida com os repórteres, divide com os demais jornalistas a escolha da manchete. Junto com o designer, opina sobre o desenho da página. Percorre toda a Redação. Em um segundo momento, é uma atividade solitária, pois, à medida que todos vão embora, ele fica. Escreve as chamadas, revisa, relê, revisa, relê. (Qualquer erro no dia seguinte tem peso dois.) É o último que sai. A atividade é de foco, de intenso poder de síntese e agilidade.


Trabalhar à noite (e, por vezes, de madrugada) não é tão simples, principalmente para nossas relações pessoais. Mas a satisfação e o entusiasmo em fazermos o bom jornalismo driblam o cansaço. A agradável euforia de se sentir parte da Capa entregue todo dia é indizível. Mesmo com a invisibilidade do nome do editor. Mesmo com a vida social comprometida. Mesmo com os editores chiando no dia seguinte porque suas matérias não estavam lá. Em 12 anos no O POVO, estive por algumas boas vezes, nestas 30 mil edições, na edição da Capa. Muito me orgulhei com as chamadas boas, muito me entristeci com as chamadas infelizes. Sempre poderia ter sido melhor. Aí, a gente senta, analisa e vai discutir a Capa do dia seguinte. Porque o jornalismo é dinâmico. E amanhã já teremos a edição 30.001.


Daniela Nogueira

Editora de Opinião; foi editora de Primeira Página

Adriano Nogueira

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