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Temer vence PGR, mas reformas seguem incertas

2017-08-04 01:30:00
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Apesar de garantir sobrevida política ao governo, vitória de Michel Temer sobre denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) deixa nuvem de incerteza sobre a capacidade do Planalto em articular reformas tributária e da Previdência. Principais fiadoras de estabilidade a Temer, mudanças precisariam de apoio muito maior que o cedido ao presidente na Câmara dos Deputados.

[SAIBAMAIS]

Após semanas de “tudo ou nada” na negociação com bancadas, o presidente contou na quarta-feira com apoio de 263 deputados. Para aprovar reformas, Temer precisaria não só “segurar” os aliados, como conquistar outros 45 apoios – fechando os 308 votos para aprovação de Emendas à Constituição.


Além da extensa fatura da 1ª votação, pesa contra Temer ainda o fato de que diversos de seus aliados na denúncia não garantem apoio às reformas – especialmente a da Previdência. “Não dá segurança. Os votos podem ter sido bem confortáveis para impedir a investigação, mas foram bem abaixo do que ele precisa para emendas”, diz o cientista político Bruno Reis, da UFMG.

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Diante do cenário desfavorável, aliados do Planalto já começaram a defender “diluição” de reformas, garantindo textos com maiores chances de aprovação no Congresso. “A dificuldade já é notória, acho que a proposta atual para a Previdência precisa ser modificada na Câmara”, diz o senador Antonio Anastasia (PSDB-MG), um dos principais articuladores de Temer.


Antes defensor de ampla reforma, o tucano já admite redução das mudanças à elevação da idade mínima para aposentadoria. A ideia é deixar o término da reforma para o próximo presidente.


Recomposição

Logo após votação da denúncia, o próprio presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), também avaliou que o governo terá que “reorganizar” a base para encarar votação das emendas. “Se você projetar um futuro, para se votar reformas, principalmente a da Previdência, o governo terá que reorganizar a base”, diz Maia.

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Segundo ele, se o governo quiser ter o apoio que tinha antes das delações da JBS, entre 330 e 340 parlamentares, terá que recompor a base. Já para Danilo Forte (PSB-CE), o fato de o presidente não ter atingido marca dos 300 votos na denúncia não significa dificuldade no caso das reformas.


“Tem que se considerar que tem muitos partidos que se dividiram nesse caso, mas que têm compromisso com as reformas. Como o PSDB. E a pressão da sociedade é para que elas aconteçam”, diz.


O próprio Temer, por sua vez, omitiu a reforma da Previdência no discurso feito minutos após rejeição da denúncia. Em fala rápida, o presidente apenas confirmou que enviará a reforma tributária ao Congresso em breve. (das agências de notícias)

 

Saiba mais


No centro da questão, está a pouca disposição de deputados em arcarem com o ônus de apoiar reformas impopulares a menos de um ano das eleições.


Principal esperança de Temer em reverter placar é o PSDB. A sigla, que rachou na votação da denúncia e deu 21 votos contrários ao presidente, tende a dar maior apoio às reformas no Congresso.


Setores do chamado Centrão, no entanto, cresceram durante votação da denúncia de Temer e já cobram espaços hoje ocupados pelo PSDB no governo federal.

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Carlos Mazza

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