PUBLICIDADE
VERSÃO IMPRESSA

'Eu não mudei', diz Cármen Lúcia a Moro sobre prisões

2017-08-16 01:30:00
NULL
NULL
[FOTO1]

Durante palestra, juiz Sergio Moro afirmou que a decisão do Supremo que permite a prisão para execução penal em segunda instância foi “essencial” para a Justiça criminal. Presidente do STF diz que assunto não está na pauta


O juiz federal Sergio Moro se encontrou ontem, em São Paulo, com a presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra Cármen Lúcia, nos bastidores de um evento e revelou preocupação com uma possível revisão da decisão da Corte de 2016 sobre autorização da prisão de condenados em
segunda instância.


“Estou preocupado com a segunda instância lá”, disse Moro. “Eu não mudei”, respondeu Cármen. Ela comentou que esta questão não está em pauta no STF.


Durante palestra em evento promovido pela rádio Jovem Pan, Moro afirmou que a decisão do Supremo que permite a prisão para execução penal em segunda instância foi “essencial” para a Justiça criminal.


“Essa foi uma reforma essencial para a efetividade da Justiça criminal. Eu diria que essa mudança é algo essencial para que nós tenhamos uma esperança no futuro em que a impunidade desses barões da corrupção chegue a seu termo e que nós tenhamos um país mais limpo.”


Moro ressaltou que vê com “algumas grandes preocupações” certas movimentações no sentido de alterar a recente decisão do Supremo. A maioria do STF decidiu no ano passado sobre a possibilidade de prisão após decisão em segunda instância, ou seja, antes do julgamento nas instâncias superiores (STF e Superior Tribunal de Justiça).


Moro disse que tem “grande esperança” de que a atual composição do STF não reverta a decisão de 2016. As prisões a partir de confirmação em segundo grau judicial têm provocado polêmica e são alvo de críticas de advogados penalistas e juristas.


O presidente nacional da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Claudio Lamachia, por exemplo, declarou no evento de ontem que é contra a decisão do STF. Já o presidente da Associação Nacional de Delegados da Polícia Federal, Carlos Eduardo Sobral, se manifestou a favor da prisão em
segunda instância.


Alguns juristas contrários à decisão do STF alegam que a execução só pode ocorrer após o trânsito em julgado, ou seja, quando a condenação for definitiva.


Sergio Moro disse que é “ótimo, em tese, se falar: vamos esperar a última decisão para não correr nenhum risco de condenação equivocada, para executar uma pena”. O juiz federal da Lava Jato ressaltou, porém, que no sistema processual brasileiro existe uma infinidade de recursos, aliada a uma carga excessiva de processos.

 

Adriano Nogueira

TAGS