Penas de Moro são brandas para gravidade dos fatos, diz Dellagnol
Coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, o procurador da República Deltan Dellagnol disse que as penas do juiz Sergio Moro são “brandas para a gravidade dos fatos”. Em visita a Fortaleza, ele afirmou ainda que o Ministério Público vai pedir aumento da pena do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado a 9 anos e meio de prisão.
O procurador lembra que o Tribunal Regional Federal da 4ª Região, para onde vão os processos julgados em Curitiba em 1ª instância, costuma ser mais severo que Moro. “O que nós vimos em vários casos é que o Tribunal tem sistematicamente ampliado as penas aplicadas pelo juiz Sergio Moro. As penas do juiz Sergio Moro têm sido brandas para a gravidade dos fatos que estão sobre consideração”, disse.
Dellagnol afirmou que a Procuradoria irá recorrer em todas as instâncias e irá pedir ainda o aumento da pena de vários réus da Lava Jato, entre eles, o ex-presidente. “O Ministério Público Federal pede a adequação da sentença que condenou o ex-presidente Lula e outras pessoas que foram condenados com ele. Os pontos que nós recorreremos estão em análise, estão em estudo. Mas entre eles seguramente estará a ampliação das penas”, completou.
Após críticas ao fim da força-tarefa da Polícia Federal em Curitiba, Dellagnol evitou polêmicas quanto ao corte no orçamento do Ministério Público para a operação. Ele disse acreditar que a nova procuradora-geral da República, Raquel Dodge, que assume o cargo depois de Rodrigo Janot, em setembro, deverá manter a força da Lava Jato. “Sempre que solicitamos, fomos atendidos”, disse.
De férias com a família, o procurador passa alguns dias no Ceará, onde participou ontem de palestra na Federação das Indústrias do Estado do Ceará (Fiec), em parceria com a Centro Industrial do Ceará (CIC).
“Infelizmente, a Lava Jato não vai mudar o País sozinha. Pode ser um começo, tira as maçãs podres. Mas não adianta nada se não mudarem as condições que fazem as maçãs apodrecerem”, disse, em tom motivacional.
Isabel Filgueiras