PUBLICIDADE
VERSÃO IMPRESSA

Em meio a denúncias, por que ruas seguem esvaziadas?

2017-07-20 01:30:00
NULL
NULL
[FOTO1]

Quando gritaram “o gigante acordou” em grandes protestos ainda em 2013, a expectativa era de que os movimentos de rua pelo Brasil reduzissem o descontentamento com o governo e o parlamento. Quatro anos mais tarde, o presidente é um dos mais impopulares da História e a corrupção continua em voga no País.


A poucas semanas de a Câmara votar a denúncia de corrupção contra Michel Temer (PMDB), não se vê a massa de pessoas nas ruas que havia, por exemplo, na época em que se reivindicava o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff (PT).


De acordo com o analista político da Universidade Federal de Minas Gerais, Bruno Reis, o desgaste da agenda contra a corrupção e a perplexidade da crise política afastam as pessoas das ruas. Ele avalia ainda que a polarização PT e anti-PT também esmaeceu os movimentos. Até os grupos que estavam unidos pelo impeachment têm disputa interna.


“Quanto mais binária for a leitura, mais fácil algum ou ambos dos lados mobilizarem gente. Quanto mais complexidade, menos movimentos. O fator de aglutinação desapareceu um pouco. O PT parece ser o ingrediente menor”, diz.


A cientista política da Universidade Federal do Ceará (UFC) Paula Veira também avalia que havia uma estrutura por trás das manifestações anti-PT, com financiamento e interesse de elites, que facilitaram a mobilização. “As manifestações são seletivas, tinham a finalidade especifica de acabar com o projeto politico que o PT estava à frente”, afirma.


Ato nacional

A Frente Brasil Popular realiza hoje, em várias capitais, to contra as reformas e em solidariedade ao ex-presidente Lula, condenado a 9 anos e meio de prisão. Em São Paulo, estão confirmadas a presença do próprio Lula e da presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann. Ainda existe a possibilidade de a presidente cassada Dilma Rousseff também comparecer.

 

Em Fortaleza, o ato será na Praça Clóvis Beviláqua (Praça da Bandeira), a partir das 16 horas. O presidente do PT estadual, Francisco de Assis Diniz, diz que uma nova agenda de manifestações será divulgada nos próximos dias.


As frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, que reúnem partidos de esquerda e dezenas de movimentos sindicais e sociais, têm trabalhado juntas na coordenação das manifestações mais expressiva do último ano, como a greve geral de 31 de março. Os eventos foram mais pautados contra as reformas do que em crítica à corrupção.


No próximo dia 27, será a vez do Vem Pra Rua, movimento que apoiou o impeachment de Dilma, ir às ruas. O grupo está chamando o ato de “Marcha Contra a Impunidade e Pela Renovação”.

 

Isabel Filgueiras

TAGS