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Dallagnol critica Temer por alta nos impostos

2017-07-22 01:30:00
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O coordenador da força-tarefa da Operação Lava Jato, Deltan Dallagnol, criticou ontem a declaração do presidente Michel Temer, na noite anterior, em viagem à Argentina, em que o peemedebista disse que “a população vai entender o aumento de impostos”. Para o procurador da República, “é claro que os brasileiros vão compreender o aumento de impostos”, já que “desviam R$ 200 bilhões por ano praticando corrupção”.


Na quinta-feira, 20, ao chegar em Mendoza, na Argentina, o presidente afirmou que a decisão anunciada pelo governo de anunciar aumento de PIS e Cofins para gasolina, diesel e etanol está em linha com a responsabilidade fiscal e será bem compreendida pela população.


“Vocês lembram que nós abandonamos logo no começo do governo a CPMF, algo que estava no horizonte de todos quando assumimos (…) mas agora levamos a efeito um pequeno aumento que diz respeito apenas ao combustível e não diz respeito ao serviço”, afirmou. “A população vai compreender porque esse é um governo que não mente”, completou, ressaltando que é preciso dizer “exatamente o que está acontecendo”.


Em resposta a Temer, em suas redes sociais, Dallagnol atribuiu o aumento de impostos à irresponsabilidade fiscal e à corrupção. “Desviam 200 bilhões (de reais) por ano praticando corrupção; deixam de aprovar no Congresso medidas anticorrupção; gastam mais do que devem, inclusive via emendas milionárias para parlamentares a fim de comprar o apoio parlamentar para livrar Temer da acusação legítima por corrupção; e agora querem colocar a conta disso tudo no nosso bolso, aumentando impostos.”


O procurador da República ainda disse ser necessário “recuperar nossa dignidade”. “Toda vez que eu for abastecer o carro, que eu pensar na saúde e educação pobres, que eu topar com buracos em estradas e infraestrutura precária que prejudica investimentos, vou lembrar disso tudo. E em 2018 vou mostrar toda a minha compreensão do que está acontecendo e dar minha resposta contra os corruptos, como cidadão, nas urnas.”


O pato da Fiesp voltou

Um dia depois de anunciar aumento de PIS/Cofins sobre combustíveis e de afirmar que a população compreenderia a elevação da carga tributária, o presidente Michel Temer disse que entende a reação negativa das indústrias e que “aos poucos todos compreenderão, a Fiesp inclusive”. “É natural (haver) essas relativas incompreensões. A Fiesp sempre fez uma campanha muito adequada contra o tributo”, destacou, em rápida entrevista após a foto oficial da 50ª Cúpula do Mercosul, evento que ocorre na Argentina.

 

Na quinta-feira, a Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) voltou a expor o pato amarelo inflável, um dos principais símbolos de manifestações pelo impeachment de Dilma Rousseff (PT), em sua sede em São Paulo, na Avenida Paulista. O presidente da entidade, Paulo Skaf, se disse “indignado” e avaliou que a elevação de tributos deve agravar a crise num momento em que a economia dá sinais de recuperação.


A entidade também publicou anúncios de página inteira nas edições dos jornais criticando a elevação de impostos. A vítima do ataque foi o ministro Henrique Meirelles (Fazenda) , pois o título do anúncio é: “O que é isso ministro? Mais imposto?” Temer rechaçou a possibilidade de a postura da classe empresarial ter alguma reação política, afetando a sua base de apoio.


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"É natural reação econômica, ninguém quer tributo, mas quando todos compreenderem que é fundamental para incentivar o crescimento, manter a meta fiscal, para dar estabilidade ao País e para não enganar, não produzir nenhum ato governativo que seja enganoso ou fantasioso, para o povo, esta matéria logo será superada", disse Temer sobre a chance de o aumento de impostos ter efeitos políticos negativos.


O ministro da Fazeda, Henrique Meirelles, não resistiu ao cansaço e cochilou durante o discurso do presidente Michel Temer, que participou ontem da 50ª Reunião do Conselho do Mercado Comum e Cúpula do Mercosul e Estados Associados, em Mendoza, na Argentina. Em seu discurso, o presidente destacou a importância da aproximação entre os países do bloco, do qual o Brasil assume a presidência pelos próximos seis meses.

 

Adriano Nogueira

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