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A régua invertida dos deputados

2017-07-14 01:30:00

Guálter George, editor-executivo de Conjuntura


O político não precisa morrer abraçado às suas convicções, mas o respeito à população, sempre tão alegado em momentos como a votação de ontem na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, exigiria um pouco mais de recato argumentativo. O comportamento de alguns deputados no grupo que fez a defesa do presidente Michel Temer (PMDB), e se posicionou contra a autorização para que ele venha a ser investigado pelo STF, soa quase como um escárnio, considerando o que diziam eles mesmos quando corria naquele mesmo espaço um outro processo, que tinha como acusada a então presidente Dilma Rousseff (PT). Os peemedebistas Darcisio Perondi e Carlos Marun, dois dos mais entusiasmados defensores de Temer, por exemplo, hoje pedem responsabilidade sob o argumento de que o País precisa de estabilidade política, de respeito à figura da presidência da República, nem parecendo aqueles que, um ano atrás, passavam por cima de qualquer cuidado institucional porque, diziam, importante era ter de volta a dignidade do cargo. A qualquer preço. No estranho valor deles, uma pedalada fiscal é mais grave do que um presidente abrir a residência oficial para conversar com um empresário sob investigação, altas horas da noite, sem deixar registro e para tratar de interesses promíscuos.

Adriano Nogueira

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